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Após um período de preços elevados e incertezas no mercado, o setor de fusões e aquisições (M&A) no segmento de tecnologia apresenta sinais de recuperação em 2024. Com a normalização das taxas de juros e o ajuste nos valores dos ativos, as transações voltaram a ganhar tração. Até outubro deste ano, o volume financeiro das operações de M&A no setor somou R$ 13,7 bilhões, superando o total de R$ 12,1 bilhões registrado ao longo de 2023, ano considerado fraco para esse tipo de transação. Quando se considera o último ciclo de 12 meses, o valor total das aquisições e fusões atinge R$ 14,3 bilhões, evidenciando uma tendência de recuperação.
A reativação do mercado foi impulsionada por transações de grande porte, como a venda da ClearSale para a Serasa Experian, da Contabilizei para o fundo Warburg Pincus e a aquisição da Shopper pelo iFood. Além disso, uma transação bilionária que está em negociação no setor de tecnologia é a venda da Linx pela Stone, que deve ser concretizada em 2025. Esse movimento de recuperação se deve, em grande parte, à mudança no comportamento dos investidores, especialmente os fundos de venture capital, que estavam retraídos nos últimos anos. Com a estabilização do mercado, esses fundos começaram a voltar ao mercado em busca de aquisições de empresas maiores e com modelos de negócios mais consolidados.
Uma característica importante dessa retomada é que, diferentemente do período de 2020 e 2021, quando houve uma valorização excessiva dos ativos devido à abundância de liquidez e juros baixos, as empresas agora buscam negociações mais equilibradas. A tendência é que, à medida que o mercado se estabiliza, as transações envolvam empresas de maior porte e com resultados financeiros mais sólidos, enquanto startups menores devem ser contempladas em uma segunda onda de aquisições.
Outro fator relevante para essa retomada no setor de tecnologia foi o reequilíbrio dos preços dos ativos. Durante o pico de liquidez global e juros baixos, as avaliações das empresas estavam inflacionadas, o que gerou um hiato nas negociações. Agora, com as empresas ajustando suas expectativas de preços e investidores com capital disponível, as transações começaram a ganhar ritmo novamente.
No entanto, apesar dessa recuperação, o cenário macroeconômico ainda apresenta desafios. O ajuste fiscal, a reforma tributária e a alta da taxa Selic continuam sendo fatores de risco para o mercado de M&As no Brasil, podendo afetar o fluxo de transações e a atratividade do mercado em termos de novos investimentos.
Dentro do cenário de recuperação, há uma demanda crescente por empresas de nichos específicos, como fintechs, empresas de software, plataformas de vendas online e saúde. Esses segmentos têm atraído o interesse de investidores, que buscam empresas com modelos de negócios comprovados e geração de caixa. Além disso, setores como infraestrutura de dados e cibersegurança também se destacam, devido à necessidade crescente de proteção de dados e melhorias na eficiência e automação, tendências que devem impulsionar o setor nos próximos anos.
A retomada dos fundos de venture capital ao mercado brasileiro também é um sinal positivo, já que muitos desses fundos estavam afastados do país nos últimos anos. Com a adaptação das empresas às novas condições do mercado e a busca por resultados financeiros sólidos, o setor de tecnologia conseguiu ajustar sua rota, ao contrário das previsões de falências massivas que eram feitas quando a liquidez começou a secar.
Volume de M&As: O setor de tecnologia em 2024 já registrou R$ 13,7 bilhões em transações, superando os R$ 12,1 bilhões do ano anterior. Esse aumento indica uma recuperação no volume de negócios após um período de desaceleração.
Principais transações: Entre as maiores operações estão a venda da ClearSale para a Serasa Experian, a Contabilizei para o Warburg Pincus e a Shopper para o iFood. Além disso, a Linx pode ser vendida pela Stone em 2025, uma das transações mais aguardadas.
Setores em alta: A demanda por empresas de fintechs, plataformas de vendas online e saúde está em crescimento, refletindo o interesse dos investidores por nichos específicos e com negócios já consolidados. A cibersegurança e infraestrutura de dados também são áreas com forte valorização.
O Grupo Fleury anunciou a compra do Confiance Medicina Diagnóstica, localizado em Campinas (SP), por R$ 130 milhões. A aquisição é a 19ª desde 2017, totalizando R$ 2 bilhões em investimentos. Com 27 anos de história, o Confiance é uma referência em análises clínicas, vacinação e outros serviços, possuindo 25 unidades na região. A operação visa expandir a presença do Fleury no interior paulista, especialmente em um mercado com alta demanda por planos de saúde, onde quase metade da população tem acesso a esse benefício.
A receita do Confiance nos últimos 12 meses foi de R$ 103 milhões, e a compra foi feita com um múltiplo EV/EBITDA de 5,5x, considerando sinergias. Embora o Grupo Fleury já estivesse presente na região, a marca Confiance será mantida após a aquisição. A transação ainda depende da aprovação do CADE.
Valor da aquisição: O Grupo Fleury comprou o Confiance Medicina Diagnóstica por R$ 130 milhões, com um múltiplo EV/EBITDA de 5,5x.
Expansão geográfica: A compra visa ampliar a presença do Fleury no interior paulista, em um mercado com alta adesão a planos de saúde.
Receita do Confiance: Nos últimos 12 meses, o Confiance teve uma receita bruta de R$ 103 milhões, com 25 unidades na região.
A XP, em parceria com a EXA Capital, está captando R$ 500 milhões para um fundo imobiliário focado no setor de saúde, que investirá em três hospitais ‘built to suit’ para a Oncoclínicas. Os projetos estão localizados em São Paulo, Goiânia e Belo Horizonte, e o fundo será co-gerido pelas duas empresas. O objetivo é investir R$ 417 milhões nos hospitais, com um retorno estimado de R$ 793 milhões na venda dos ativos, resultando em uma TIR real de IPCA + 23,9% ao ano. As obras dos hospitais já começaram, com prazos de entrega entre 2026 e 2027. A oferta é exclusiva para investidores profissionais e está prevista para ser encerrada em 4 de dezembro.
Os três hospitais terão 1.300 leitos e 60 salas de cirurgia, com área bruta locável de 135,7 mil metros quadrados. O fundo buscará vender os ativos após seis meses da conclusão das obras, com compradores potenciais sendo fundos imobiliários ou family offices. Além disso, o mercado de saúde tem se mostrado promissor, com outras transações em andamento, como a compra de um hospital pela Basilica Partners e a construção de novos hospitais pela Riza Asset para a Hapvida.
Captação de R$ 500 milhões: A XP e a EXA estão buscando levantar R$ 500 milhões para um fundo imobiliário de saúde, que será investido em três hospitais para a Oncoclínicas.
Projetos e retorno esperado: O fundo investirá R$ 417 milhões e espera um retorno de R$ 793 milhões na venda dos hospitais, com uma TIR real de 23,9% ao ano.
Localização e prazos de entrega: Os hospitais estarão localizados em São Paulo, Goiânia e Belo Horizonte, com prazos de entrega entre 2026 e 2027.
A Stone está planejando vender a Linx em 2025, quatro anos após pagar R$ 6,7 bilhões pela empresa de software, em um processo de aquisição disputado. A decisão de colocar a Linx à venda foi motivada pelos elevados custos de aquisição de clientes e pela complexidade envolvida na manutenção de softwares de gestão para diferentes segmentos de mercado, como varejo, alimentação, farmácias e postos de combustível. Enquanto a Stone, uma empresa de serviços de pagamento, pode ativar suas maquininhas em até 24 horas, a venda de softwares de gestão exige um processo muito mais demorado, de integração e personalização, que pode levar meses. De acordo com o executivo-chefe da Stone, Pedro Zinner, a estratégia agora é tratar a Linx mais como uma parceira estratégica, e não como um ativo para ser mantido.
Para a venda da Linx, a Stone está pedindo cerca de R$ 4,5 bilhões, o que corresponde a aproximadamente 15 vezes o Ebitda da empresa. Seis grandes empresas estão interessadas na compra da Linx, sendo que o processo de recebimento de ofertas vinculantes está previsto para começar no início de 2025. Entre os interessados estão a Totvs, que perdeu a disputa pela Linx em 2020, e outras gigantes do setor de tecnologia, como a canadense Constellation Software e a americana Roper Technologies, que possuem um histórico ativo de aquisições. Também estão na lista de possíveis compradores a gestora Advent, a varejista Mercado Livre e o fundo soberano de Cingapura (GIC). A Stone já está ciente de que as ofertas provavelmente não atingirão o valor pago pela Linx, mas espera um bom retorno pela venda da empresa.
Valor da venda: A Stone espera receber cerca de R$ 4,5 bilhões pela Linx, com um múltiplo de 15 vezes o Ebitda.
Compradores interessados: A Totvs, Constellation Software, Roper Technologies, Mercado Livre, Advent e o fundo GIC estão entre as empresas que demonstraram interesse na compra.
Motivo da venda: A Stone decidiu vender a Linx devido aos altos custos e à complexidade de manutenção de seus softwares de gestão, buscando agora tratá-la como uma parceira estratégica.
A Pague Menos, segunda maior rede de farmácias do Brasil, está se preparando para retomar sua expansão em 2025, após um ano focado na integração da Extrafarma, adquirida por R$ 737,8 milhões em agosto de 2022. O CEO Jonas Marques, que assumiu o comando da empresa no final de 2023, trouxe consigo uma visão voltada para a longevidade da companhia, com o objetivo de prepará-la para o seu centenário em 2081.
Seu primeiro desafio foi a conclusão da integração da Extrafarma, a maior aquisição da história da Pague Menos, que trouxe 400 lojas para o portfólio, elevando o número total para cerca de 1.650 unidades. Até o fim do terceiro trimestre de 2023, a companhia conseguiu capturar 90% das sinergias previstas com a compra, gerando R$ 234 milhões em ganhos de eficiência.
Apesar de ter freado a abertura de novas lojas em 2023 e 2024 para focar na integração, a Pague Menos planeja abrir mais de 50 lojas em 2025, superando a soma de novas unidades abertas nos dois anos anteriores. O foco principal da expansão será o Nordeste, região onde a rede tem mais de 20% de participação de mercado, mas a empresa também mira no Sudeste, especialmente em São Paulo, onde tem convertido lojas da Extrafarma. A Pague Menos também visa fortalecer sua presença em estados com forte concorrência, como São Paulo, onde enfrenta desafios com as líderes RD Saúde (Raia e Drogasil) e Grupo DPSP (Drogaria São Paulo e Pacheco).
Além disso, a companhia tem trabalhado para melhorar sua saúde financeira. Em resposta a preocupações de investidores sobre sua alavancagem, a Pague Menos adotou medidas para reduzir sua relação dívida/EBITDA, que estava em 2,2x no terceiro trimestre de 2023. Isso incluiu a melhoria na gestão de estoques, que resultou em uma economia de R$ 330 milhões, e o alongamento de suas dívidas com juros mais baixos, o que contribuiu para uma redução de 31,4% no pagamento de juros.
Com essas ações, a companhia conseguiu gerar R$ 130 milhões de caixa no período, mesmo com o desembolso de R$ 221,5 milhões para concluir o pagamento da Extrafarma. Em termos de desempenho, a Pague Menos registrou um faturamento de R$ 3,5 bilhões entre janeiro e setembro de 2023, com um crescimento de 13,9% em relação ao ano anterior e um lucro líquido de R$ 74,9 milhões, revertendo o prejuízo do ano anterior.
Integração da Extrafarma: A aquisição da Extrafarma, em 2022, trouxe 400 lojas para o portfólio da Pague Menos, e a empresa alcançou 90% das sinergias previstas, resultando em R$ 234 milhões em ganhos de eficiência até o terceiro trimestre de 2023.
Expansão planejada para 2025: Após um período de contenção de aberturas, a Pague Menos se prepara para abrir mais de 50 novas lojas em 2025, com foco na consolidação no Nordeste e expansão no Sudeste, especialmente em São Paulo.
Gestão financeira eficaz: A companhia adotou medidas para reduzir sua alavancagem, melhorar a gestão de estoques (economizando R$ 330 milhões) e alongar dívidas a juros mais baixos, o que resultou em uma redução de 31,4% no pagamento de juros e gerou R$ 130 milhões de caixa.
A Nexxera, uma das líderes no mercado de B2B Payments, Crédito e Supply Chain, anunciou uma ampliação de sua parceria com o Grupo Skill, formando uma joint venture para promover o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas, além de suas cadeias produtivas. A Nexxera, com 32 anos de experiência no setor, une sua expertise com a plataforma SAP Business One, utilizada por cerca de 12 mil empresas, para integrar as operações das duas partes. O objetivo é permitir uma análise mais detalhada do fluxo de caixa das empresas, melhorando o score de risco e proporcionando um acesso mais seguro ao crédito, o que facilita as transações financeiras.
Essa joint venture oferece uma gestão integrada e multi-bancos, o que permite que as empresas e seus fornecedores realizem transações por meio de diversas relações bancárias, ampliando suas oportunidades financeiras e impulsionando o ecossistema que conecta as empresas a seus parceiros comerciais. A parceria também visa ajudar a aumentar os resultados financeiros e a rentabilidade das empresas participantes, proporcionando um cenário de crescimento para os negócios e seus fornecedores.
Criação da joint venture Nexxera e Grupo Skill: A parceria tem o objetivo de melhorar o acesso ao crédito para médias empresas e suas cadeias produtivas, utilizando soluções tecnológicas integradas para aumentar a eficiência financeira.
Integração com SAP Business One: A plataforma SAP Business One, utilizada por cerca de 12 mil empresas, é integrada à joint venture para oferecer uma análise mais detalhada do fluxo de caixa e melhorar a pontuação de crédito das empresas participantes.
Gestão integrada multi-bancos: A nova estrutura permite transações entre múltiplos bancos e fundos, ampliando as possibilidades de acesso a crédito e gerando mais oportunidades de crescimento financeiro para as empresas e seus fornecedores.
A Vibra, ex-BR Distribuidora, investiu R$ 100 milhões na expansão da fábrica de lubrificantes Lubrax, localizada em Duque de Caxias (RJ). O objetivo é aumentar a participação de mercado da marca, que, após ser adquirida da Petrobras no processo de privatização, possui atualmente 17,2% do setor de lubrificantes no Brasil. Com essa ampliação, a fábrica aumentou sua capacidade de produção de 300 mil metros cúbicos por ano para 460 mil metros cúbicos, um crescimento de 53,3%. Além disso, o processo de modernização na fábrica permite uma maior precisão na mistura dos produtos, facilitando a produção de itens de alto valor agregado.
A Vibra também observa um crescimento no volume de vendas de lubrificantes, que aumentaram 6,9% no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, alcançando 71 mil metros cúbicos. Com a ampliação, a companhia espera não só consolidar sua posição no mercado nacional, mas também expandir seus negócios para a América Latina. A marca já distribui seus produtos em países como Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia, com maior presença no Chile, e pretende criar um plano estratégico para aumentar sua atuação em novos mercados da região, com foco na expansão internacional.
A Vibra, que surgiu após a privatização da BR Distribuidora em 2021, tem como um dos desafios o contrato com a Petrobras, que se encerra em 2029. Nesse período, a empresa deve seguir utilizando a marca BR em seus postos, mas após esse período, deve passar por um “debranding”, retirando a marca BR das operações. A relação com a Petrobras continua positiva, com cerca de 50% do óleo básico utilizado nas misturas dos lubrificantes vindo da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que fica próxima à fábrica da Lubrax.
A Vibra também busca expandir sua rede de lojas de serviços de lubrificantes, com 1.700 unidades da Lubrax+ já em operação, e pretende continuar fortalecendo a marca por meio de novos patrocínios e iniciativas, incluindo uma presença crescente em campeonatos como a Stock Car. Embora a marca tenha sido associada ao futebol por um tempo, com patrocínios ao Flamengo, agora a companhia aposta mais em outros esportes e estratégias de marketing, com novos projetos previstos para o futuro.
Investimento de R$ 100 milhões na expansão: A Vibra investiu R$ 100 milhões para aumentar a capacidade de produção da fábrica da Lubrax em Duque de Caxias (RJ), com um crescimento de 53,3% na produção anual de lubrificantes.
Participação de mercado: A marca Lubrax tem 17,2% de participação no mercado de lubrificantes do Brasil, posicionando-se entre o segundo e terceiros lugares, atrás da Iconic, marca da joint venture entre Chevron e Ipiranga.
Expansão internacional e crescimento nas vendas: A Vibra busca expandir sua presença na América Latina, principalmente no Chile, além de outros países como Argentina, Paraguai e Colômbia. A empresa também registrou um aumento de 6,9% no volume de vendas de lubrificantes no terceiro trimestre de 2023.
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Já consolidada no mercado, atendemos mais de 300 empresas em 22 estados do Brasil. São mais de R$ 215 bilhões avaliados em ativos e mais de 1,25 millhões de itens inventariados.
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