Gestão Empresarial

O maior inimigo do investidor a longo prazo é o CDI e eu vou te provar

Um erro muito comum dos iniciantes que pretendem investir a longo prazo é o de buscarem somente aplicações de renda fixa atreladas a taxas de rentabilidade como o CDI, que seriam supostamente mais estáveis e seguras, muitas vezes isentas do Imposto de Renda.

Mas isso não necessariamente é verdade, muito pelo contrário. O que você vai descobrir aqui é que investimentos de rentabilidade fixa nem sempre são sinônimos de segurança do patrimônio e de rendimento a longo prazo.

Se você já chegou a essa conclusão e busca alternativas para montar uma carteira balanceada de acordo com seu perfil de investidor e seus objetivos para o futuro, não perca mais tempo, veja como melhorar a sua carteira de investimentos para aumentar a sua renda e acelerar a sua liberdade financeira.

Agora, chegou a hora de provar por que o CDI é o vilão do investidor a longo prazo. Para isso, vamos explicar o que é o CDI, como ele funciona e pode interferir nos seus investimentos e quais suas vantagens e desvantagens.

O que é e como funciona o CDI?

Diferentemente do CDB, o Certificado de Depósito Interbancário, ou CDI, não é um investimento de renda fixa. Como o próprio nome já diz, trata-se de um título privado usado somente por bancos para negociarem depósitos entre si. Ou seja, não é um título que possa ser oferecido diretamente a investidores individuais.

No entanto, juntamente com esse títulos, são cobrados juros, cuja taxa é atrelada à rentabilidade de investimentos de renda fixa, como é o caso do CDB, entre outros. Essa taxa, também usada como referência para inúmeras operações financeiras no Brasil, é calculada a partir das transações de empréstimo entre bancos a curtíssimo prazo.

O CDI foi criado como uma forma de assegurar maior estabilidade ao sistema financeiro. E a ideia de que seja um indicador seguro para investimentos de renda fixa é reforçada pela sua proximidade com a Selic, que é a taxa básica de juros da economia no país e principal ferramenta do Banco Central para controle da inflação.

Por isso, as duas taxas tendem a andar próximas, já que a meta da Selic é definida para equilibrar a economia e acaba servindo de referência para os próprios bancos. Isso não quer dizer, no entanto, que as duas sejam iguais, mas que é possível estabelecer uma relação entre elas.

Ou seja, o CDI e a Selic são taxas comumente usadas como referência para investimentos, especialmente em renda fixa. Mas, afinal, se não podemos, como investidores individuais, aplicar diretamente nossos recursos em CDI, como ele pode impactar nossos investimentos?

Como o CDI interfere nos investimentos?

Como já dissemos, os CDIs geram uma taxa média de juros, calculada com base nessas operações de empréstimo, que são registradas na B3. Essa taxa é divulgada diariamente e se tornou uma referência no mercado financeiro brasileiro. E é justamente por isso que ela pode pesar na sua carteira de investimentos.

A taxa do CDI está presente como indicador de rentabilidade em diversos tipos de investimentos de renda fixa e até em aplicações diversas, como alguns fundos multimercados. Por isso é tão comum vermos a remuneração oferecida até mesmo rendimentos em contas correntes bancárias expressas em percentuais do CDI.

Entre os diversos tipos de investimentos que usam a taxa do CDI como referência, alguns deles são:

  • CDBs (Certificados de Depósito Bancário): são títulos emitidos pelos bancos para angariar recursos para operações de crédito.
  • LCI (Letras de Crédito Imobiliário): são emitidas por bancos que possuem alguma atividade de crédito relacionada ao setor imobiliário.
  • LCA (Letras de Crédito do Agronegócio): emitidas por bancos que possuem alguma atividade de crédito relacionada ao setor do agronegócio.
  • CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários): são títulos securitizados de renda fixa relacionados ao setor imobiliário.
  • CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio): títulos securitizados de renda fixa do setor do agronegócio.
  • Debêntures: títulos de crédito emitidos por empresas.

A taxa do CDI, quando atrelada a produtos para investidores, determina a queda ou aumento do rendimento deles. E mesmo quando não está diretamente vinculada a determinado investimento, por sua abrangência como referência no mercado financeiro nacional, pode impactar indiretamente.

Quando observamos que determinada aplicação oferece um rendimento de 100% do CDI, quer dizer que o retorno do investimento é o mesmo da média da taxa de juros recebida pelos bancos com seus títulos de empréstimos interbancários de curtíssimo prazo, cujo vencimento é de um dia.

Assim, para facilitar o exemplo, vamos supor que o CDI esteja em 10%. Ao multiplicarmos pelo percentual da aplicação, podemos saber qual será o rendimento dela. Então, se ela estiver fixada em 130% do CDI, transformando em decimal, temos: 1,3 x 10 = 13. Ou seja, o investimento irá render 13% no período calculado.

O pulo do gato está no fato de que os investimentos que adotam esse vínculo, chamados pós-fixados, não possuem uma taxa fixa de rendimento. Na verdade, eles são fixados a uma taxa variável, que é a do CDI. Ou seja, não há como o investidor ter certeza do retorno. Se a taxa sobe, o rendimento aumenta, mas se ela cai, o rendimento também.

Vantagens do CDI

O CDI como taxa de referência é amplamente amplamente utilizado no Brasil. Muita gente aplica em produtos com rendimento vinculado ao CDI devido à liquidez diária para manter a sua reserva de emergência, por exemplo.

Esses investimentos também podem contribuir para balancear a carteira de investimentos de quem opera a curto prazo, amenizando riscos de mudanças repentinas nas taxas e cotações.

Em geral, aplicações vinculadas ao CDI são atrativas para investidores conservadores em relação aos seus investimentos, que frequentemente buscam segurança e liquidez em detrimento de um retorno potencial significativamente mais alto.

O investidor de CDI em geral tem um horizonte de investimento de curto prazo e, por planejar resgatar seus recursos em pouco tempo, não está disposto a lidar com a alta volatilidade dos ativos financeiros.

O principais vantagens são:

  • Liquidez

Talvez seja o principal atrativo do CDI. A maioria dos investimentos em CDI tem liquidez diária, permitindo que os investidores façam resgates a qualquer momento, caso precisem ter agilidade no acesso ao capital.

  • Isenção do Imposto de Renda

Muitos produtos de investimentos atrelados ao CDI também oferecem isenção do Imposto de Renda. Ao mesmo tempo, o rendimento também tende a ser muito baixo, mas pode ser uma opção à poupança.

  • Opção de renda fixa

Para investidores de um perfil mais voltado para a renda fixa, que buscam maior estabilidade e previsibilidade de retorno, independentemente do rendimento, os produtos vinculados ao CDI são de fácil acesso, com ampla oferta de opções.

  • Opção para iniciantes

Para o investidor iniciante, que tem pouquíssimo conhecimento do mercado e deseja operar a curto prazo, o CDI também pode ser uma opção. Além de serem acessíveis, os investimentos atrelados ao CDI oferecem baixo risco.

Em geral, é importante que a carteira de investimentos esteja alinhada ao planejamento do investidor para os objetivos que pretende alcançar. Como o perfil, os prazos e objetivos variam de um investidor para outro, isso influencia muito na diversificação.

Mesmo nos casos de abordagens mais conservadoras em relação aos investimentos, a aplicação deve ser feita somente depois de uma avaliação das metas financeiras e da tolerância ao risco. Nesse momento, a assessoria de um profissional pode ser a diferença entre o retorno esperado ou uma frustração com a perda de tempo e recursos.

Desvantagens do CDI

Pois bem, falamos das vantagens do CDI, agora vamos listar alguns dos motivos pelos quais os investimentos com rentabilidade atrelada a essa taxa podem ser os vilões das suas finanças. São eles:

  • Rendimento

Frequentemente o CDI é associado a um rendimento baixo se comparado a produtos de maior risco. Isso é ainda pior se levarmos em conta o histórico das taxas de juros no Brasil nos últimos anos, que tem contribuído para limitar ainda mais os rendimentos desses investimentos atrelados à taxa do CDI.

  • Inflação

A inflação é um fator crítico a ser considerado ao investir a longo prazo. Mesmo que seu investimento renda mais do que o CDI, se a taxa de inflação for alta, seu poder de compra pode diminuir ao longo do tempo. O CDI, muitas vezes, não oferece um rendimento que supera significativamente a inflação, ou seja, seu dinheiro pode perder valor em termos reais.

  • Tributação

Não é por se tratar de renda fixa, que seja garantia de isenção de tributos. Há muitos investimentos atrelados ao CDI que estão sujeitos à tributação do Imposto de Renda. E, dependendo do prazo da aplicação, a alíquota pode variar. Isso significa que uma parte significativa dos rendimentos obtidos pode ser perdida para impostos, reduzindo ainda mais a rentabilidade real do investimento.

  • Diversificação

Ficar excessivamente concentrado em investimentos atrelados ao CDI pode limitar sua capacidade de diversificar sua carteira. A diversificação é uma estratégia fundamental para reduzir o risco e aumentar o potencial de retorno. Se você investir principalmente em produtos ligados ao CDI, pode perder oportunidades em outros ativos que poderiam ser mais lucrativos a longo prazo.

  • Acomodação

Investir predominantemente em produtos de renda fixa atrelados ao CDI pode levar à acomodação financeira. Quando os investidores veem retornos relativamente estáveis e seguros em seus investimentos, eles podem se tornar relutantes em explorar outras oportunidades que possam ser mais arriscadas, mas também mais lucrativas a longo prazo.

Aqui, já podemos colocar alguns prós e contras na balança para ter uma ideia do que esperar ao investir em produtos vinculados ao CDI. Podemos notar que se trata de um tipo de investimento que pode ser útil em situações específicas e apenas para determinados objetivos.

Seu principal foco está em perfis mais conservadores, como opção de renda fixa, geralmente com liquidez diária. Mas há ainda outro fator determinante, que reforça a perspectiva de que não se trata de um bom investimento a longo prazo.

Como dissemos, historicamente no Brasil, as taxas de juros têm seguido em baixa. Consequentemente, o mesmo tem ocorrido com os rendimentos dos investimentos atrelados ao CDI. Isso é ainda mais impactante no investidores a longo prazo, que tendem a ter, ano após ano, uma rentabilidade modesta e consequente perda em termos reais.

Nos últimos anos, os juros básicos da economia brasileira chegaram ao menor patamar da história, levando consigo a taxa do CDI para baixo. As mudanças de cenário na última década derrubaram os rendimentos de aplicações em renda fixa de cerca 1% para metade disso.

Segundo uma matéria do Infomoneyde outubro de 2022, “ao longo de 2019, por exemplo, a taxa do CDI ficou abaixo de 0,60% em todos os meses do ano (em alguns, não chegou nem a 0,40%)”. Por isso é tão importante fazer uma gestão de sua carteira com uma diversidade de investimentos alinhados à sua estratégia financeira.

Alternativas ao CDI para investidores de longo prazo

Agora que compreendemos por que o CDI pode ser um inimigo do investidor a longo prazo e a importância de manter uma carteira diversificada, vale explorar algumas alternativas para você alcançar seus objetivos financeiros. Aqui estão algumas opções a considerar:

  • Investimentos em Renda Variável

Investir em ações e outros ativos de renda variável pode ser uma estratégia eficaz para o crescimento patrimonial a longo prazo. Embora esses investimentos possam ser mais voláteis e arriscados do que os atrelados ao CDI, eles também têm o potencial de oferecer retornos significativamente mais altos. A longo prazo, o mercado de ações historicamente superou o CDI em termos de rentabilidade.

  • Fundos de Investimento

Fundos de investimento oferecem uma maneira conveniente de diversificar sua carteira e acessar diferentes classes de ativos. Existem fundos de investimento de diversas categorias, incluindo fundos de ações, fundos multimercado e fundos imobiliários. Esses fundos são gerenciados por profissionais experientes e podem ser uma opção para investidores que desejam diversificar sem precisar selecionar individualmente os ativos.

  • Previdência Privada

Planos de previdência privada oferecem a oportunidade de economizar para a aposentadoria a longo prazo. Eles podem incluir opções de investimento variadas, permitindo que você escolha entre renda fixa, renda variável e outras classes de ativos. Além disso, existem benefícios fiscais associados a alguns planos de previdência privada.

Conclusão

O CDI pode ser um inimigo disfarçado para o investidor a longo prazo, devido ao seu rendimento relativamente baixo, a influência da inflação, a tributação, a limitação de diversificação, o risco de liquidez e a possibilidade de acomodação financeira

Para alcançar objetivos financeiros substanciais no longo prazo, os investidores devem considerar alternativas, como investimentos em renda variável, fundos de investimento, previdência privada, ações, e também focar no aprimoramento da educação financeira. E lembre-se de que a escolha de investimentos deve ser adaptada aos seus objetivos financeiros, tolerância ao risco e horizonte de investimento.

É sempre aconselhável consultar um consultor financeiro ou especialista em investimentos antes de tomar decisões significativas em relação ao seu portfólio. Com uma estratégia de investimento bem planejada e diversificada, você se coloca no caminho para alcançar seus objetivos financeiros com sucesso.

Por fim, você ainda deve estar se perguntando, se os produtos atrelados ao CDI não são a melhor opção, como posso fazer para diversificar minha carteira sem aumentar meu Imposto de Renda? Então acesse agora o blog da Investor e veja como reduzir o seu IR em investimentos de longo prazo!

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