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Payback: O que é, vantagens e como calcular

Você já ouviu falar em payback? Sempre que uma empresa vai realizar um investimento, como um novo projeto ou até mesmo a abertura de uma nova instituição, é preciso calcular o payback.

Em português, essa expressão significa retorno, e é fundamental para entender em quanto tempo os investidores receberão de volta o valor que foi investido no início do projeto.

Quer entender mais sobre o tema e descobrir o que é payback, quais são suas vantagens e como calculá-lo?

Continue a leitura.

O que é payback?

O payback, ou “retorno”, consiste em uma estratégia que auxilia empresas a calcular qual será, em média, o período para receber de volta o investimento em um projeto: tanto algo específico, como a própria empresa, por exemplo.

Esse indicador ajuda os empresários a entenderem melhor o tempo necessário para recuperar a aplicação inicial e, com essa previsão em mãos, poderá fazer escolhas estratégicas para manter o bom funcionamento da empresa até ela ficar, de fato, rentável.

Dependendo da empresa, do valor do investimento e do tipo de negócio, esse tempo de retorno pode variar, entre meses ou anos, dependendo do tamanho e da complexidade do projeto.

Para entender o payback de uma empresa, é importante acompanhar outros tipos de indicadores de resultado e performance, como:

  • ROI, Retorno sobre Investimento, que apresenta o percentual de retorno em relação ao investimento inicial que foi realizado;
  • VPL, Valor Presente Líquido, que consiste no valor acumulado no fluxo de caixa da empresa, e que será usado para calcular o payback;
  • TIR, Taxa Interna de Retorno, que mensura a taxa de juros para que o valor presente líquido seja zerado.

Para que serve o payback?

Investidores e empreendedores são comumente os que mais utilizam o cálculo de payback no dia a dia.

De modo geral, esses profissionais utilizam o payback para avaliar a viabilidade de um investimento, considerando o prazo de retorno dos valores.

No entanto, cada um deles utiliza para um intuito específico.

Os empresários costumam calcular o payback de seus investimentos para descobrir em quanto tempo conseguirão receber de volta o investimento realizado em uma implementação tecnológica, um novo equipamento, a abertura de uma nova empresa, etc.

Tendo esses números em mente, os empresários conseguirão se organizar financeiramente para que os valores sejam recuperados, por exemplo.

Para os investidores, o payback funciona de um jeito um pouco diferente: ele precisa saber em quanto tempo, aproximadamente, as aplicações realizadas começarão a dar retorno, e a partir daí avaliar se vale a pena ou não realizar o investimento, ou se o melhor caminho, dentro das suas necessidades, seria buscar por uma empresa com um payback mais rápido.

Qual a relação entre payback e fluxo de caixa?

Não é raro que para investidores ou empreendedores iniciantes, payback e fluxo de caixa podem ser conceitos que se confundem.

Isso porque, para descobrir em média quanto tempo será necessário para recuperar o valor de um investimento financeiro, você precisa ter uma média de quanto de receita será gerado mensalmente, tanto pela geração de caixas quanto pela redução de custos dentro da sua empresa.

Tendo isso em mente, para conseguir identificar o payback, é preciso ser capaz de realizar uma projeção de caixa mais precisa, considerando sempre as receitas e despesas que estão relacionadas ao investimento pelos próximos meses.

O segredo para conseguir acompanhar o cálculo do payback, atualizá-lo quando necessário e ter mais previsibilidade é realizar uma boa gestão financeira, acompanhando os números do negócio, mantendo-os o mais claro e transparente possível.

Vantagens e desvantagens do payback

Assim como todas as metodologias, o payback possui vantagens e desvantagens que precisam ser conhecidas pelos investidores e empreendedores para descobrirem, a partir daí, se vale a pena realizar essa estratégia de mensuração.

As vantagens do payback

Para que o payback funcione de forma estratégica, é preciso saber usá-lo corretamente.

Essa estratégia de mensuração e previsão de resultados possui diversas vantagens, sendo algumas delas:

  • consiste em uma fórmula simples, fácil de usar e que pode ser aplicada com tranquilidade;
  • oferece uma previsão de riscos que envolvem a empresa;
  • oferece uma perspectiva dos níveis de liquidez das empresas;
  • pode ser interessante em projetos que possuem vida limitada;
  • pode ser aplicada em projetos com grau de risco mais elevado;
  • durante momentos de crise financeira ou algum tipo de instabilidade econômica, o payback pode funcionar como recurso para aumentar a segurança das instituições.

As desvantagens do payback

O payback pode ter algumas desvantagens, que precisam ser consideradas também.

São elas:

  • a estratégia considerada de forma diferente os fluxos recebidos pela empresa, desconsiderando o que foi recebido nos intervalos antes e após o payback;
  • justamente por isso, em projetos de duração mais longa, o payback não é muito recomendado, porque não trabalha com previsões após o período de recuperação.

Quais as diferenças entre payback simples e payback descontado?

Existem dois tipos de payback: o payback simples e o payback descontado.

O payback simples é calculado sem considerar qual será o valor do dinheiro naquele tempo.

Ele já foi definido e pode ser calculado de forma simples através da fórmula:

Payback simples = Investimento inicial / Saldo médio do fluxo de caixa no período

Um detalhe do payback simples que pode ser prejudicial para as empresas é o fato de que essa metodologia não considera os fluxos de caixa após o período do payback, o valor do dinheiro ou o custo de capital da instituição.

Por isso, alguns especialistas não costumam utilizar essa metodologia, por considerar que esses outros fatores precisam aparecer e estarem em evidência nos cálculos e previsões, algo que não é garantido com o uso da fórmula do payback simples.

Por outro lado, o payback descontado já considera os valores descontados para o presente através das taxas de juros.

Essa modalidade veio para suprir as necessidades e as lacunas que o payback simples deixou, com suas limitações.

Através do payback descontado, é usada uma taxa de desconto, geralmente anual, para dar mais assertividade para os cálculos.

A taxa mais usada é a TMA, conhecida como taxa mínima de atratividade, que é definida pelos próprios investidores da empresa.

Nesse sentido, todos os fluxos de caixa terão uma taxa de desconto em relação ao período definido.

Pensando na atualização dos valores, para trazer o VPL, Valor Presente Líquido, para fluxos que já estão em períodos futuros, existe uma fórmula.

Supondo que estamos trabalhando com 4 períodos futuros, o cálculo de VPL seria:

VPL = FC4 / (1 + TMA)4

Importante lembrar que o FC, nessa fórmula, consiste no fluxo de caixa da empresa.

Com esse valor do VPL em mãos, o próximo cálculo é o de payback descontado, através da fórmula:

Payback descontado = Investimento inicial / Fluxo de caixa descontado

Como calcular o payback?

Como explicado anteriormente, existem duas fórmulas de calcular o payback de uma empresa: o payback simples e o descontado.

Cada uma dessas metodologias possui suas próprias fórmulas, possíveis contextos de aplicabilidade, vantagens e desvantagens, que precisam ser conhecidas pelos investidores e empresários antes que a decisão seja tomada.

Pensando nisso, o próximo passo é aprender a aplicá-las de forma correta, identificando os contextos em que cada uma delas pode ser utilizada.

Como calcular o payback simples?

A fórmula do payback simples é muito prática:

Payback simples = Investimento inicial / Saldo médio do fluxo de caixa no período

Como dito anteriormente, ela não considera fluxos de caixa futuros, tampouco taxas de juros e outros detalhes.

Em um exemplo, imagine que uma fábrica de sapatos pretende investir em um novo maquinário com valor de R$150 mil.

Além disso, tenha em mente que de acordo com os cálculos realizados pelos profissionais responsáveis, esse novo investimento poderá gerar aproximadamente R$5 mil mensais em receita. Esse valor já considera os descontos de depreciação e manutenção do equipamento.

Com esses números, podemos seguir pelo seguinte cálculo:

Payback simples = Investimento inicial / Saldo médio do fluxo de caixa no período

Payback simples = 150.000 / 5.000

Payback simples = 30 meses

Seguindo esse exemplo, o equipamento adquirido levará aproximadamente 30 meses para devolver o investimento e, a partir daí, começar a trazer lucros, de fato, para a empresa.

Como calcular o payback descontado?

Para realizar o cálculo do payback descontado, outras variáveis acabam se fazendo necessárias, principalmente a taxa de desconto, responsável por realizar a correção dos valores do período.

Essa correção consiste basicamente em “correção monetária”, para acompanhar a valorização ou desvalorização da moeda que está sendo considerada nos cálculos.

Nesse modelo de, existem duas variáveis que precisam ser consideradas: a taxa mínima de atratividade (TMA) e o valor presente líquido (VPL).

Entenda cada uma delas:

  • TMA, taxa mínima de atratividade: essa taxa é comumente utilizada para definir qual é a rentabilidade mínima esperada em um investimento realizado. Ela também é baseada na taxa Selic, considerada a taxa de juros básica da economia. Além disso, também pode considerar outro tipo de benchmark definido pelos investidores ou empresários.
  • VPL, valor presente líquido: esse indicador é calculado para identificar o valor líquido do fluxo de caixa atual da empresa. Seu cálculo é feito considerando valores futuros, com a taxa de desconto.

Continuemos com o exemplo anterior:

Investimento inicial: R$150.000,00

Saldo médio do fluxo de caixa no período: R$5.000,00

Fluxo de caixa: 12 meses

TMA: 10%

Para calcular o VPL, vamos usar a fórmula:

Valor descontado = FC / (1 + TMA)1

Valor descontado = R$ 5.000,00 / (1 + 0,10)1

Valor descontado = R$ 5.000,00 / 1,10

Valor descontado = R$ 4.545,45

Dessa forma, o valor descontado do fluxo de caixa, ao contrário dos dados iniciais, não será de R$5.000, mas de R$4.545,45, quando consideramos a TMA de 10%.

Com esse dado em mãos, é hora de fazer um cálculo do descontado seguindo a fórmula:

Payback descontado = Investimento inicial / Fluxo de caixa descontado

Payback descontado = R$ 150.000,00 / R$ 4.545,45

Payback descontado = 33

Dessa forma, com o payback descontado, descobrimos que serão necessários 33 meses (e não 30, como definido pelo simples) para recuperar o valor do investimento realizado.

Como analisar o payback?

Como explicado anteriormente, o payback é comumente considerado pelos empresários e investidores, mas cada um desses grupos utiliza de uma forma diferente, conforme seus interesses.

É importante ter esses valores em mente para conseguir tomar decisões mais estratégicas.

No caso dos investidores, que estão buscando por empresas e projetos para fazer um investimento, quanto menor, mais rápido começarão a ter retorno financeiro.

Em alguns casos, avaliando empresas com paybacks mais longos, eles poderão optar por buscar outras alternativas.

Tudo irá depender de qual é o prazo máximo definido pelo investidor para começar a receber seu retorno.

Já os empresários, ao realizar um novo investimento, adquirir maquinário ou, por exemplo, abrir uma nova filial, é preciso saber o tempo médico para começar a recuperar o valor do investimento.

Isso porque, é fundamental ter um caixa organizado para suprir as despesas durante esse período, até que o negócio se torne realmente rentável.

Tendo isso em mente, entendemos que ter o payback devidamente calculado e mantendo a gestão financeira da empresa em dia é um passo fundamental para aumentar a segurança de todos os envolvidos até a recuperação dos valores.

Dicas para calcular o payback

Explicamos anteriormente que o cálculo de payback é algo que exige cuidado e atenção aos números da empresa.

Ser capaz de avaliar outros fatores, como inventário, período contemplado, atualizações, projeções realistas e fazer um acompanhamento mais próximo desses números é fundamental para identificar os valores mais assertivos.

1. Inventário

É importante realizar um inventário minucioso, considerando todas as receitas e despesas da empresa, planos de expansão, planos de investimento, e todos os outros detalhes que podem ser relevantes para o negócio.

Para melhorar a avaliação da situação, é interessante organizar todas as informações por categorias: investimento, operacional e não operacional, por exemplo.

2. Período contemplado

Para fazer o cálculo, defina qual será o período para o cálculo, de acordo com o perfil da empresa.

Esse prazo pode considerar meses ou anos, dependendo do que for definido pela instituição.

3. Atualização

Para garantir a assertividade dos cálculos e dos dados, é fundamental manter uma rotina de atualização do fluxo de caixa, avaliando os custos, os ganhos e conseguindo definir, por exemplo, quais receitas e despesas estão excedendo.

Com essas informações atualizadas, é possível realizar uma revisão do negócio, do orçamento e, a partir daí, tomar decisões mais estratégicas diante da realidade da empresa.

4. Projeções realistas

Quando for realizar as projeções para calcular o payback, é importante considerar todas as possibilidades, principalmente as de perda.

Considere, por exemplo, um percentual de inadimplência ou atrasos de pagamento.

5. Acompanhamento

Para manter os dados sempre atuais e realistas, é importante acompanhar a movimentação do fluxo de caixa, realizando alterações e, a partir daí, fazendo previsões mais transparentes.

Esse acompanhamento também permitirá identificar novas oportunidades para a empresa, avaliar os riscos e revisá-los sempre que necessário.

Conclusão

O payback é um indicador fundamental para mensurar o prazo de retorno dos investimentos realizados, tanto pelos empresários quanto por investidores, de modo geral.

Essa métrica auxiliará os gestores na tomada de decisões, bem como ter uma visão mais clara da viabilidade de alguns projetos e investimentos que estão pendentes.

É interessante pontuar que, como todos os tipos de métricas e números dentro de uma empresa, o payback só poderá trazer resultados mais valiosos se for usado de forma estratégica, sendo avaliado constantemente e capaz de trazer interpretações valiosas que ajudarão no crescimento do negócio.

Quer aprender mais sobre o tema? Confira nosso artigo Custo médio ponderado: O que é, para que serve e como calcular.

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