Um dos relatórios financeiros mais importantes que uma empresa deve elaborar é a DRE: Demonstração do Resultado do Exercício. Mas, você sabe realmente o que é DRE de uma empresa?
A vida financeira completa do negócio é facilmente demonstrada e visualizada se você realmente souber como preencher uma DRE.
A DRE é um utensílio fundamental para gerir e compreender a saúde financeira e a operação da sua empresa.
Continue lendo o artigo para entender o que é DRE, como ela se estrutura e qual a sua importância.
O que é DRE?
A sigla DRE, como já dito anteriormente, significa “Demonstração do Resultado do Exercício”.
A estrutura de DRE é constituída por um relatório contábil elaborado juntamente com o Balanço Patrimonial, que descreve, de forma vertical e resumida, as operações financeiras de uma empresa em determinado período de tempo. Ela apresenta o resultado líquido, que pode ser lucro ou prejuízo.
O resultado apresentado na DRE de uma empresa é gerado pelo confronto das receitas, custos e despesas da organização.
No Brasil, a DRE deve ser elaborada conforme o princípio contábil do regime de competência, ou seja, receitas e gastos devem ser incluídos na operação do resultado na data em que foram realizados.
O objetivo da DRE é resumir todas as operações realizadas pela empresa no período analisado, permitindo obter uma síntese do desempenho das atividades do negócio.
Tal relatório contribui então com o planejamento estratégico e com o processo de tomada de decisão ao entregar uma visão precisa e realista da empresa.
De acordo com a legislação, todas as empresas devem elaborar anualmente a DRE da empresa, exceto Microempreendedores Individuais, porém, por ser um relatório fundamental para a gestão, muitas empresas o elaboram mensalmente para fins administrativos e trimestralmente conforme obrigações fiscais.
Para que serve a DRE?
A DRE é fundamental para a administração de empresas.
É através desse relatório que é possível confrontar os dados de despesas e receitas da instituição, entendendo qual foi de fato o resultado líquido do período analisado e o desempenho do negócio.
Esse relatório também é fundamental para analisar como está a saúde financeira da sua empresa, entender como está o seu operacional e, a partir daí, poder tomar decisões mais estratégicas para aumentar o faturamento e reduzir os gastos do negócio ao mesmo tempo – tornando a sua empresa muito mais eficiente.
Manter a DRE em dia pode trazer diversas vantagens para o negócio. Imagine que a sua empresa precise de um empréstimo, por exemplo. É comum que os bancos avaliem, através da DRE, qual é a situação financeira das empresas antes de decidir se irão ou não conceder o crédito solicitado.
O mesmo acontece caso você esteja buscando um investidor para seu negócio. É natural que essas pessoas queiram entender mais sobre a saúde financeira de uma instituição antes de destinar um montante para a empresa. Através da DRE, essa análise se torna mais simples e rápida, facilitando o processo.
Do ponto de vista legal, a DRE é fundamental para que o governo consiga acompanhar a sua empresa, avaliar se os impostos foram devidamente calculados e analisar se os lucros que foram declarados na DRE são compatíveis com os lucros que os sócios declararam no Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF.
Como fazer um DRE?
Para fazer um DRE, é preciso contar com um contador habilitado junto ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC).
De acordo com a Lei 6.404/1976, Artigo 187, e pela Lei 11.638/2007, existe um padrão de informações que precisam estar no documento.
É fundamental que a empresa se atente aos seguintes detalhes:
- A receita bruta de vendas e serviços que são prestados pela empresa, sempre incluindo as possíveis deduções de impostos, vendas e abatimentos;
- A receita líquida da empresa através das vendas e serviços realizados, acompanhada do custo dos produtos, custo dos serviços comercializados e o lucro bruto propriamente dito;
- As despesas geradas a partir das vendas, possíveis despesas financeiras que são deduzidas das receitas da empresa, despesas administrativas, operacionais e outras;
- Dentro do operacional, é preciso constar os lucros ou prejuízos, bem como outras despesas e receitas se houver;
- Deve constar o resultado do exercício antecedendo o imposto de renda, seguido da provisão do imposto;
- Informações de valores que se referem aos funcionários, às debêntures, aos administradores e demais beneficiários da empresa. Nesse ponto, é importante pontuar todos os beneficiários, mesmo que como instrumentos financeiros, às instituições, aos fundos de assistência ou à previdência de empregados – que não são classificados como despesas;
- O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.
Estrutura da DRE
A estrutura da DRE é definida pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976), artigo 187 e, de acordo com esta, deverá conter:
- Receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
- A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos, e o lucro bruto;
- As despesas com as vendas, as despesas financeiras deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;
- Lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
- O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;
- As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
- O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social;
- Além disso, na determinação do resultado do exercício serão computados;
- As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda;
- Os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.
Modelo da DRE
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Venda de Produtos
Venda de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS DAS VENDAS
Custos dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custos dos Serviços Prestados
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com vendas
Despesas Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Como analisar a DRE de uma empresa?
É possível analisar a DRE de duas maneiras complementares:
Análise vertical
Na análise vertical, calcula-se o percentual que cada valor individualmente representa do faturamento bruto ou impacta o mesmo, permitindo analisar o que está diminuindo ou aumentando o resultado da empresa.
Além disso, o gestor consegue acompanhar tais percentuais para monitorá-los nos meses subsequentes e assim poder tomar decisões para mantê-los ou modificá-los.
Análise horizontal
Já a análise horizontal acompanha a variação de um mesmo valor de receita, despesa ou custo ao longo de dois ou mais períodos, o que permite monitorar as alterações.
Ao analisar a DRE é possível obter um grande número de informações como, por exemplo:
- a evolução das receitas de vendas e da margem de contribuição;
- a incidência de impostos;
- a composição dos custos e despesas e seus impactos sobre a receita;
- gerar projeções para o futuro com base nas tendências observadas comparando diferentes períodos.
Importância da DRE
A DRE é importante para a empresa em si, como também para agentes externos.
Em relação a própria empresa, a DRE é fundamental para:
- Analisar o desempenho e a saúde financeira da empresa;
- Verificar a evolução e composição das receitas e gastos;
- Refletir sobre a necessidade de reavaliar os custos e despesas de produção;
- Gerar informações que levam a uma visão mais realista do negócio;
- Ponderar se existe viabilidade econômica para determinados investimentos;
- Auxiliar na tomada de decisões mais seguras e assertivas;
- Detalhar onde o dinheiro está sendo gasto;
- Entender se o negócio é lucrativo ou não, e quais áreas precisam de melhorias;
- Gerir estrategicamente o negócio com base na boa governança;
- Prestar contas para Stakeholders;
- Apontar o ponto de equilíbrio;
- Possibilitar a correção de falhas administrativas e financeiras para alcançar melhores resultados.
Além disso, é utilizado por agentes externos à empresa (não apenas para fins legais e fiscais):
- É documento obrigatório para Sociedades Anônimas;
- Governo e órgãos fiscalizadores verificam se os tributos foram calculados e pagos corretamente;
- Bancos podem avaliar a situação do negócio antes de conceder crédito ou renegociações;
- Investidores interessados no negócio avaliam a situação financeira da empresa antes da análise do investimento.
Qual é a diferença entre DRE e fluxo de caixa?
Em um primeiro momento, é natural que os conceitos de DRE e fluxo de caixa se misturem. Afinal, os dois documentos permitem que os gestores consigam acompanhar como anda o desempenho financeiro do negócio.
No entanto, é importante pontuar que para além das similaridades, trata-se de ferramentas diferentes que, apesar de suas similaridades, possuem funções diversas.
A diferença mais marcante entre fluxo de caixa e DRE são os indicadores utilizados para acompanhar a situação financeira da empresa.
Enquanto o fluxo de caixa utiliza, como o próprio nome diz, o regime de caixa da instituição, a DRE se compõe através do regime de competência.
Nesse sentido, podemos perceber que o fluxo de caixa permite uma análise mais imediatista: avalia-se a quanto de capital existe no seu caixa nesse momento, e como está a saúde da sua empresa a curto prazo.
Já a DRE é capaz de ter uma visão mais robusta e a longo prazo sobre a saúde financeira da instituição: por não se resumir apenas às entradas e saídas da empresa, e buscar analisar todos os custos e despesas do negócio, é possível ter uma visão muito mais ampla sobre a situação financeira da instituição – e projetar os próximos meses de forma mais estratégica.
Quem precisa fazer a DRE?
Agora que entendemos o papel essencial da DRE na contabilidade e gestão fiscal de uma empresa, é hora de respondermos à pergunta mais comum: toda empresa precisa fazer a DRE?
Empresas com ações negociadas na bolsa
As empresas que possuem ações negociadas na bolsa deverão elaborar e divulgar a DRE de forma semestral, ou a cada período fiscal.
A Demonstração de Resultados do Exercício deverá ser divulgada no diário oficial da empresa, além dos veículos de comunicação.
É através dessa publicação que os investidores e o mercado de ações ficarão cientes do desempenho dessa instituição.
Sociedades Limitadas (LTDA)
As Sociedades Limitadas (LTDA) também deverão realizar, obrigatoriamente, a Demonstração de Resultados do Exercício, mas não precisarão publicá-las.
Nesse contexto, será necessário apenas armazenar o documento de forma impressa e encadernada, para que em caso de auditoria do Fisco, ela possa ser entregue.
As demais empresas não são obrigadas por lei a elaborarem a Declaração de Resultados do Exercício, mas pode ser interessante realizar de forma voluntária para acompanhar a saúde financeira do negócio.
Acompanhar a saúde financeira do seu negócio é fundamental. Além de trazer informações valiosas para a tomada de decisões mais assertivas, é importante para o mercado como um todo: conseguir empréstimos quando necessário, apetecer os olhos dos investidores e, claro, garantir que o crescimento e a sustentabilidade da empresa se mantenham ao longo dos anos.
Como dito anteriormente, a DRE é um instrumento valiosíssimo para as empresas, pois permite ter uma visão muito mais ampla e clara da real situação financeira da empresa e, a partir daí, construir estratégias para garantir a saúde do negócio.
Por isso, mesmo que a sua empresa não se enquadre na lista de instituições que precisam obrigatoriamente realizar a DRE, a recomendação é que ela seja feita de forma independente, pois são registros que podem – e irão – auxiliar no dia a dia do negócio.
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