A cada ano que passa os consumidores ficam ainda mais exigentes e conscientes em relação aos produtos consumidos. Desta forma o conceito ESG vem ganhando espaço nas gestões corporativas e também no campo dos investimentos.
Não somente pela sua qualidade, mas também pela procedência e forma como são produzidos.
Adquirir produtos sustentáveis, que venham de empresas comprometidas com a preservação ambiental e práticas sociais é cada vez mais importante.
Por isso, para atender a esse seleto grupo de consumidores, no meio corporativo, é necessário implantar ações que protejam o ecossistema e o bem-estar dos trabalhadores de forma transparente e eficiente.
Neste post é possível saber como garantir o sucesso da sua empresa, atraindo novos investidores, por meio dos fundos ESG (do inglês environmental, social and governance).
Somente no segundo semestre de 2020, esse tipo de fundo contabilizou um patrimônio de mais de US$ 1 trilhão no mundo.
O que significa a sigla ESG?
De origem inglesa, a sigla ESG significa environmental, social and governance. Em português a abreviação significa práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa.
Esse conceito ficou amplamente conhecido a partir da divulgação do relatório “Who cares wins”, realizado em 2005 por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU). ESG é considerado um importante indicador e métrica de iniciativas de governança e sustentabilidade.
É como se fosse um selo que comprova a responsabilidade socioambiental das organizações. Centenas de empresas no mundo e também no Brasil já incorporaram essa metodologia de gestão, com reflexos positivos para a marca e o mercado consumidor.
Qual a origem da sigla ESG?
A preocupação com produção e investimentos sustentáveis surgiu nas décadas de 1970 e 1980. Mas a partir de 1990 e mais precisamente nos anos 2000 os índices socialmente responsáveis ganham destaque no meio corporativo.
Entre eles o MSCI KLD 400 (Morgan Stanley Capital International), um indexador social e o ESG, que por sua vez está diretamente ligado ao SRI (Socially Responsible Investing), que remonta sua existência desde 1758. O termo despertou a curiosidade dos empresários depois da publicação do Who Cares Wins, que significa “Ganha quem se importa”.
O trabalho foi uma parceria entre o Banco Mundial, o Pacto Global da ONU e instituições financeiras de nove países. Seu objetivo era saber como integrar iniciativas ESG ao mercado de capitais.
O que significa cada letra dessa sigla?
Na prática, cada letra carrega em sua origem a necessidade de se implantar práticas ambientais, sociais e de governança dentro de uma empresa, seja ela privada ou pública.
Independentemente do seu tamanho ou perfil produtivo é possível investir em boas práticas, que resultem em melhores relações comerciais e ambientais, a partir de um direcionamento correto dos seus aportes financeiros.
Para entendermos seus benefícios é preciso saber o significado de cada uma das letras da sigla ESG:
E (environmental – ambiental)
Ações de ordem ambiental começam pelo ambiente de trabalho, passando pela escolha dos materiais como embalagens recicláveis; a redução do volume de papel na administração, optando pela informatização dos sistemas.
Desta forma, o desperdício é reduzido. Optar por energias limpas e renováveis como a eólica ou solar eliminando os poluentes, além de fazer o descarte correto de resíduos e afluentes, são algumas das medidas que devem integrar a gestão ESG.
Em uma economia circular a empresa deve promover o consumo consciente, por meio de reuso, adaptações e reciclagens que aumentem a vida útil do produto. A redução de dióxido de carbono (CO²) no meio ambiente é outro fator impactante nesse processo.
S (social)
A segunda letra está atrelada às ações de responsabilidade social, com a valorização do trabalhador, dos clientes e da sociedade. Sempre pensando na empresa como uma importante engrenagem de transformação social e não somente de consumo.
Várias etapas passam pelo S, com investimentos na segurança e na saúde do trabalhador, na administração mais aberta a críticas e elogios, na promoção de maior integração junto à comunidade onde a empresa está inserida, entre outros.
O S também engloba questões como a taxa de turnover; os benefícios para os funcionários; treinamentos; plano de carreira; respeito a diversidade de gênero; incentivo a inclusão, entre outros critérios.
G (governance – governança)
O G de governança significa que a empresa deve se empenhar em definir políticas de maior transparência, gerenciamento de riscos e controle da organização.
Isso acontece por meio de práticas de gestão, com hierarquia, cargos e funções muito bem definidos e delegados. Desta forma os gestores garantem a liderança administrativa em todos os níveis da cadeia produtiva, de compras ou de vendas.
Adotar maior transparência nas informações é outro passo importante. Além de assegurar maior entrosamento entre a equipe de trabalho, melhorando a imagem corporativa, atraindo novos investidores.
Os executivos e o conselho administrativo devem também avaliar questões como a remuneração dos acionistas; a gestão de risco; a transparência fiscal e financeira da empresa e as medidas anticorrupção.
Para que serve o ESG?
Os critérios de ESG servem para medir o grau de consciência ambiental, social e de governança que a empresa possui. Ele avalia o valor que a empresa tem como um todo, para investidores e consumidores.
Seus indicadores são importantes na hora de escolher onde aplicar os recursos ou adquirir produtos e serviços. Uma empresa ESG valoriza seu capital humano, mas também as relações externas entre outras empresas ou com o seu público consumidor.
Como funciona ESG?
ESG vai muito além da combinação entre análises ambientais, sociais e de governança. É um novo jeito de administrar e investir que supera a ideia de lucratividade. Uma agenda que vem transformando e influenciando nas tomadas de decisões mais assertivas.
Isso também serve para os fundos de investimentos ESG, onde o investidor investe em empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável da sua produção e da sociedade.
Para funcionar, depende que um grupo de investidores compre cotas da empresa, passando a participar dos resultados. São empresas que devem priorizar a melhoria do mercado, da vida de seus funcionários e do mundo como um todo.
Iniciativas globais em ESG
No mundo são diversas as iniciativas direcionadas para que as empresas adotem e ampliem as práticas sustentáveis. São diversos programas e projetos realizados e incentivados por órgãos importantes e influentes como a ONU.
Entre eles ações que visem reduzir impactos ambientais importantes, como o aumento da temperatura na terra; a poluição que agrava o efeito estufa; a fome; a miséria; a desigualdade social; o racismo, entre tantos outros temas. Vamos conhecer um pouco mais sobre os mais importantes:
Global Reporting Initiative (GRI)
Criada em 1997, a instituição sem fins lucrativos promove a padronização dos relatórios de sustentabilidade das empresas. Por meio do manual GRI incentiva a avaliação de mudanças climáticas, de direitos humanos, de governança e de bem-estar social.
Ferramenta indispensável para os gestores que priorizam a sustentabilidade no seu meio produtivo. Cercados de informações transparentes, os administradores conseguem analisar melhor o impacto que suas operações geram ao meio ambiente, bem como definem as metas e a divulgação de desempenho.
As diretrizes GRI podem ser usadas por organizações para dimensionar o desempenho econômico, ambiental e social de suas atividades, produtos e serviços.
Pacto Global
Iniciativa da ONU, desde o ano 2000 o Pacto Global encoraja os empresários a adotarem políticas de responsabilidade social e de sustentabilidade.
Com sede em Nova York, o Pacto Global tem adesão voluntária, mas ao aderir, o país deve colaborar para atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o plano de ação da Agenda 2030, aprovada em 2015, por 193 países membros. Seus princípios indicam que as empresas devem:
- Apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos e não a sua violação;
- Aprovar a livre associação e o direito à negociação coletiva;
- Eliminar todas as formas de trabalho forçado, compulsório ou infantil;
- Acabar com a discriminação no emprego;
- Incentivar medidas preventivas para os desafios ambientais;
- Desenvolver ações de responsabilidade ambiental, bem como o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis;
- Incentivar o combate à corrupção em todas as suas formas e esferas.
Princípios para o Investimento Responsável (PRI)
Criado em 2005 por investidores, liderados pela ONU por meio do programa para o meio ambiente (Unep FI) e o Pacto Global, o PRI apoia ações para incorporar os critérios ESG nas práticas de investimentos.
Esses Princípios corrigem as distorções ambientais, sociais e de governança, contribuindo para o desenvolvimento sustentável das relações produtivas.
Com adesão voluntária, o PRI já conta com mais de 3 mil participantes com ativos gerenciados que ultrapassam a casa dos US$ 100 trilhões.
Entre os seus princípios, destaque para a pró atividade e incorporação dos temas ESG às tomadas de decisões e as propriedades dos ativos, bem como na transparência na hora de implantar os princípios.
Acordo de Paris
Considerado um dos mais importantes acordos mundiais para reduzir o aquecimento global, o Acordo de Paris foi assinado em 2015, durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21). O evento reuniu líderes políticos, sociais e administrativos de 195 países.
Os participantes se comprometeram em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e consequentemente a temperatura global que deveria ficar no mínimo em 1,5 graus.
Entre os principais pontos do acordo estão metas como reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos, estimular financeiramente os países menos desenvolvidos para que possam cumprir as metas, bem como a transferência de tecnologia e treinamento para as mudanças climáticas.
Agenda 2030
Mais um trabalho da ONU, criado em 2015 com objetivo de traçar um plano de ação para o desenvolvimento sustentável global. Com metas ousadas, a Agenda traçou 17 objetivos de desenvolvimento mundial.
Entre eles a erradicação da fome e da pobreza; incentivo a agricultura sustentável, a energia limpa e renovável; diminuir a desigualdade, ampliar o acesso à água potável e ao saneamento.
Além disso, as mudanças climáticas são foco da atenção nas discussões, em especial dos países integrantes do G20, como o Brasil.
Sustainability Accounting Standards Board (SASB)
Organização sem fins lucrativos, a Sustainability Accounting Standards Board (SASB), foi criada em 2011 para promover e divulgar dados sobre sustentabilidade corporativa para investidores.
Com base nos fatores ESG, a SASB engloba 26 tópicos divididos em cinco temas: capitais humano e social; liderança e governança; modelo de negócio e inovação e meio ambiente. Ao contrário do GRI a organização foca em ESG priorizando a materialidade e os riscos sustentáveis de cada setor.
O que é ESG no mercado financeiro?
Apesar de ser um tema ainda pouco divulgado no Brasil, investir em empresas com foco em ESG tem se apresentado como um excelente negócio. No mundo são mais de US$ 30 trilhões de ativos sustentáveis, de acordo com levantamento realizado pela Global Sustainable Investment Alliance.
Nos Estados Unidos o volume de fundos ESG cresceu 144% nos últimos 15 anos, de acordo com dados do portal Morningstar, publicado pelo Morgan Stanley em 2019. Um cenário em pleno crescimento. No Brasil, em 2020, 85 fundos considerados sustentáveis foram criados, contra seis em 2019.
Entre os principais investimentos sustentáveis estão as ações de empresas sustentáveis; os fundos de investimento com estratégia ESG; os exchanges traded funds (ETFs); os títulos verdes, entre outros.
Exemplos de empresas que adotam o ESG
Depois de entender o conceito de ESG e suas vantagens é hora de buscar empresas que adotem boas práticas sociais, ambientais e também gerenciais para o seu desenvolvimento sustentável.
Na esfera social, uma empresa sustentável deve melhorar a qualidade de vida de sua equipe, dentro ou fora da empresa.
Já na parte ambiental, precisa criar ações que minimizem os impactos negativos gerados pela sua atividade.
Enquanto que no fator econômico o foco deve ser lucro sustentável, sem agredir os recursos naturais. Para isso, a organização precisa ter uma pegada ecológica, incorporando a sustentabilidade em sua rotina de trabalho.
Entre as empresas que adotam o conceito ESG estão: Lojas Renner; Bancos Santander e do Brasil; Natura; Cemig; Ambev; L’Oréal; Arga Vidros; Andarilho da Luz e Ekofootprint. No Brasil as chamadas ESG techs, estão crescendo. Já são mais de 700 startups do gênero, como a Egalitê, a Moss.Earth e a Zenklub.
Fundos ESG
São aplicações financeiras que investem em empresas sustentáveis, que cumprem as métricas ESG.
Com amplo espaço para crescer, o salto entre julho de 2019 e julho de 2020 foi de 26%no Brasil, com levantamento da Exame Research. No mundo, no segundo semestre de 2020 os fundos ESG apresentavam US$ 1 trilhão em patrimônio.
Valor, segundo o relatório Melhores Fundos, divulgado pela Exame Research 25% maior no período. Um cenário extremamente otimista para quem busca bons investimentos.
Levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) aponta que até 2020, os fundos ESG acumularam um patrimônio de R$ 543,1 milhões no país.
Quais são as características dos fundos de investimento ESG?
Como já vimos a busca por modelos de investimentos sustentáveis tem despertado o interesse coletivo de investidores mundo afora e no Brasil não é diferente. Rentabilidade, sustentabilidade e volatilidade estão entre as principais características deste tipo de investimento.
Traços importantes que uma empresa deve apresentar, quando o investidor pretende injetar recursos em sua unidade.
São empresas comprometidas com melhorias ambientais, sociais e econômicas, não somente na sua gestão, mas na sociedade em geral e no ambiente também. Os fundos de investimentos ESG são as principais tendências do mercado investidor em 2021.
Sustentabilidade
Equacionar a relação entre investimento e sustentabilidade é o diferencial para quem busca investir em negócios com modelo sustentável.
Empresas ESG precisam se preocupar com os impactos ambientais, mas também com o seu desempenho financeiro. Do contrário não serão atraentes aos olhos do investidor
Rentabilidade
Ao contrário do que se pensava, uma empresa sustentável pode ser uma excelente opção de investimento. Os fundos ESG apresentam excelentes possibilidades de retorno, com garantias de desempenho em especial para quem busca renda variável.
A distribuição dos rendimentos pode variar de acordo com o tipo de investimento. Nos fundos de ações, por exemplo, essa distribuição obedece ao critério de cotas adquiridas.
Volatilidade
De acordo com o perfil de risco, investir em empresas ESG é menos arriscado. Isso porque organizações mais sustentáveis estão menos suscetíveis a perdas motivadas, por exemplo, por problemas como o descumprimento de regras nacionais ou internacionais.
O que é preciso saber antes de investir em fundos ESG?
Boa alternativa para investimentos de longo prazo, investir em fundos ESG é também uma boa opção para diversificar a carteira. Mas, antes de ingressar nesse mercado é preciso alguns cuidados e dicas:
1 – Escolher uma boa corretora de valores, para gerenciar sua aplicação;
2 – Faça um bom planejamento financeiro;
3 – Determine quais são os objetivos que pretende com a aplicação;
4 – Escolha o tipo de fundo ESG e confira suas características;
5 – Verifique o prospecto ou informativo sobre a aplicação;
6 – Verifique o histórico de desempenho dos papéis em questão;
7 – Conheça muito bem as taxas e juros envolvidos na aplicação.
Conclusão
Agora que você já conhece um pouco mais sobre os mecanismos das empresas ESG e as facilidades em investimento que elas propiciam, é hora de pensar em investir.
Organizações que procuram os melhores índices para suas unidades precisam de parceiros estratégicos. Uma boa opção é buscar apoio junto a empresas especializadas.
Acompanhe mais no blog da Investor. Deixe o seu comentário na página!
- Concessão administrativa e Concessão patrocinada: O que você precisa saber - 8 de março de 2024
- Consultoria financeira: como funciona e por que contratar? - 26 de janeiro de 2024
- Verificador Independente: Garantindo transparência e conformidade em contratos de concessão - 29 de dezembro de 2023