Com grande impacto na cadeia produtiva, o conceito Just in Time (JIT) foi criado na década de 50, com objetivo de eliminar desperdícios, agilizando e incrementando a produtividade.
Para isso, os processos são simplificados para que possam permitir uma dinâmica e logística de produção ainda mais intensificadas.
Aplicável a qualquer tipo e tamanho de empresa, pode ser adotado em todas as áreas de trabalho, tendo como base a meta de que a produção será sob demanda, sendo realizada de acordo com a necessidade e na hora certa.
O layout reduz o número de atividades sem valor agregado, possibilitando a flexibilização dos meios produtivos e a integração da manufatura.
A redução de tempo em todo processo produtivo e de gestão também são fatores importantes nessa concepção.
Para isso, investimentos em sistemas modernos como automação e informatização se fazem necessários para quem busca implementar o JIT em sua empresa.
Reduções de estoque, custos e desperdícios alinhados a rapidez no trabalho e maior produtividade, são algumas das principais vantagens do Just in Time.
O que é o sistema Just in Time?
O Just in Time é basicamente um sistema que permite maior coordenação da produção que passa a trabalhar de acordo com a demanda que for surgindo, no menor tempo possível de fabricação.
A metodologia busca precisão, eficiência, controle, desde a compra da matéria-prima até a venda e entrega da mercadoria.
Nesse modelo de produção a empresa passa a produzir somente o que o cliente deseja, na hora e momento certos.
Com isso reduz drasticamente os estoques, conseguindo manter a linha de montagem enxuta, eficiente e produtiva. Planejamento, responsabilidade e comprometimento de todos os funcionários é primordial para o bom funcionamento dessa filosofia de trabalho.
Também elimina desperdícios e defeitos, evitando que se prolongue por todo processo produtivo.
Um dos principais instrumentos de trabalho do Just in Time é o programa dos cinco sensos (5s): arranjo físico, manutenção produtiva, controle de qualidade com zero de defeitos e troca rápida de ferramentas e mapa de fluxo de valor.
Origem do sistema Just in Time
Criado na década de 50 pelo engenheiro mecânico e vice-presidente da Toyota, Taiichi Ono, o termo Just in Time significa “no tempo certo”. Há cerca de uma década a empresa passava por uma séria crise financeira e não conseguia novos investimentos que evitassem uma falência.
Foi então que o diretor Taiichi, com apoio de Shigeo Shingo, consultor de qualidade da Toyota, e Edward Deming, principal responsável pela chegada ao Japão do Controle Estatístico de Processo (CEP), resolveram criar um novo sistema de manufatura.
O conceito denominado Just in Time teve como base as concepções de produção publicadas em 1926 por Henry Ford no livro “Today and Tomorrow” e a forma de operação usada pelos supermercados americanos, observada por ele durante uma visita realizada em 1956.
Nessa época essas empresas reabasteciam as prateleiras somente quando os produtos iam sendo vendidos.
A ideia central era reduzir ao máximo as perdas na produção, implantando novas metodologias de trabalho. Desta forma diminuem também o tempo de fabricação, implantando sublinhas de montagens que dessem apoio à produção final.
Além da produção, o JIT, que ficou mais conhecido como sistema Toyota de produção, também foi aplicado às compras e logística.
Desta forma, a matéria-prima chegava à linha de produção na quantidade e hora certas, evitando estoques e desperdícios. Exemplo que logo foi incorporado por várias outras montadoras de veículos e também por empresas de outros segmentos.
Objetivos do Just in Time
A busca contínua pela melhoria dos processos produtivos está entre os principais objetivos do Just in Time. Além disso, busca ainda a redução de custos e desperdício de uma forma geral em todas as etapas do processo produtivo.
Influenciado pela cultura japonesa, a metodologia de trabalho no JIT prioriza o andamento do trabalho, com agilidade, qualidade, menos desperdício e riscos.
Com isso, a empresa reduz de forma drástica a superprodução, o tempo de espera e de fabricação, ações desnecessárias na linha de montagem, a produção e os estoques desnecessários.
Quais são as principais características do método Just in Time?
Produção enxuta com a entrega do produto no tempo e na quantidade certa estão entre as principais metas de trabalho Just in Time.
Para isso, planejamento, responsabilidade e engajamento de toda equipe se faz necessário para aprimorarem o processo produtivo. Essa organização acontece por meio de características únicas que passam por várias etapas:
1- As máquinas devem ser sequenciadas no fluxo certo, facilitando a movimentação dos materiais;
2- Para reduzir gastos com manutenção, os equipamentos devem ser menores e mais baratos;
3- O fluxo de trabalho de ver de uma peça por vez, priorizando a qualidade da atividade;
4- A montagem do layout das máquinas no formato de U, no sentido horário, gera maior comunicação e proximidade entre os funcionários;
5- Os colaboradores devem ser multifuncionais para podem atuar em todas as posições na linha de produção, em caso de substituição de algum trabalhador;
6- O trabalhador deve trabalhar em pé, facilitando sua movimentação. Isso melhora o processo e também sua ergonomia;
7- A ergonomia deve ser melhorada com a retirada de cadeiras e a elevação do nível das mesas na altura do funcionário;
8- A produção no ritmo constante, sem interrupções. Isso pode ser avaliado a partir da criação de uma tabela “hora-hora”, que facilita identificar se o volume de peças produzidas em uma hora foi o mesmo do estipulado;
9- Padronização das operações, de forma que cada trabalhador esteja treinado para executar a atividade de acordo com o processo padrão pré-definido.
Vantagens da metodologia Just in Time
Entre as principais vantagens do sistema Just in Time estão as reduções dos estoques, do trabalho, do espaço e do manuseio ao longo do processo produtivo; maior controle dos processos produtivos em todas as etapas; ganho de produtividade; aumentos do nível de qualidade dos itens produzidos e da flexibilidade.
Otimização dos processos
O sistema Just in Time exige uma programação bastante cuidadosa, especialmente no fluxo de recursos que é direcionado ao processo de produção. As empresas devem utilizar softwares de gestão para indústrias capazes de planejar cada etapa do processo de produção, integrado com outros setores da empresa, como estoques e vendas.
A automatização do processo ajuda a monitorar os processos produtivos, evitar que se produza além da demanda necessária.
O controle de máquinas, da quantidade de produtos e de produção pode ser feito perfeitamente por meio de sensores e soluções de gestão. Tudo isso pode ser realizado em tempo real, que é a principal premissa do Just in Time.
Redução de custos
Esta é uma das principais premissas do sistema Just in Time. Ela prioriza a gestão de estoques, determinando que a matéria-prima deva ser adquirida de acordo com o volume a ser produzido.
Desta forma não haverá necessidade de grandes espaços para armazenamento, priorizando os ambientes necessários para produção e entrega das mercadorias produzidas. Além disso, o número de trabalhadores, gastos com ferramentas, materiais e mão de obra também são menores.
Flexibilidade
Proposta central do conceito Just in Time, nessa metodologia o gestor torna o processo produtivo mais flexível, permitindo a personalização do produto de acordo com as características individuais de clientes e consumidores.
Isso acontece em especial pela redução de tempo ao longo de todo processo produtivo. Para tanto, o JIT exige que a demanda seja estável, permitindo equacionar melhor os recursos e, por consequência, um fluxo de materiais contínuo na linha de montagem.
Melhoria no controle e na gestão da qualidade
Lidando com estoque reduzido, o funcionário ficará mais atento à qualidade do trabalho e do produto. Desta forma a redução do desperdício será automática. Assim o gestor saberá exatamente a quantidade certa do que comprar para produzir os itens necessários que serão vendidos.
Assim, com custos reduzidos, produção eficiente e no ritmo contínuo, haverá melhoria no controle e na gestão de qualidade. Isso gera maior autonomia do funcionário, aumento da qualidade dos itens fabricados, ganho de produtividade.
Traz ainda, menos riscos e desperdícios, com rápida resposta dos fornecedores, se houver algum imprevisto, elevando a empresa a um patamar de maior competitividade no mercado.
Desvantagens da metodologia Just in Time
Um sistema com metodologia rígida exige rigorosidade também no planejamento do processo logístico e de abastecimento de materiais. Caso haja alguma adversidade junto aos fornecedores o Just in Time será afetado diretamente. Esta pode ser uma das desvantagens do sistema.
Sem matéria-prima a fabricação pode ser afetada, podendo gerar grandes paradas da linha de produção e, consequentemente, perda de produtividade. Por isso é indicado adotar o conceito em processos produtivos com alta previsibilidade de abastecimento de matéria-prima.
Outro ponto negativo do sistema JIT pode ser o alto investimento em treinamento para que os funcionários de toda cadeia produtiva estejam alinhados e empenhados.
Como funciona o Just in Time?
Antes de implantar o conceito Just in Time é preciso saber se a empresa pode incorporar essa metodologia. Por isso é importante saber se é capaz de produzir e entregar os produtos de acordo com a necessidade do mercado consumidor.
Identificar se o processo de vendas é eficiente e integrado e se os gestores têm a clareza da forma e da demanda do consumidor, levando-se em conta possíveis flutuações de mercado. Identificado a necessidade do JIT o segundo passo é a sua implantação e entender os seus mecanismos de funcionamento.
É fundamental repensar os espaços para que facilitem o fluxo de trabalho desde a emissão do pedido até o transporte do produto. Mapear cada passo, com planejamento de rotas de máquinas, pessoas e materiais é fundamental. A reorganização dos objetivos da empresa é essencial para se obter a nova organização almejada.
O bom funcionamento do Just in Time passa ainda pela redefinição das métricas e dos indicadores de desempenho (Key Performance Indicator -KPI). Isso engloba também o setor de vendas que deverá estar ciente dos prazos de produção, as formas de distribuição e de entrega.
Se for necessário, é possível repensar os quatros Os (preço, praça, promoção e produto). A comunicação clara para todos os níveis de trabalho e os treinamentos são indispensáveis às empresas que visam implantar o Just in Time
Tempo de preparação
No sistema Just in Time leva-se em consideração o fator zero para itens como defeitos e tempo de preparação (SETUP). Ou melhor, em português, SETUP pode significar o tempo que será usado para configurar, instalar, organizar, dispor ou regular máquinas na linha de montagem.
Para maior agilidade na produção, esta deve ser dividida em grupos com trabalhadores multifuncionais que começam e terminam determinada função, antes de passar o produto para a próxima etapa.
Assim a produção se responsabiliza também pelo controle da qualidade e na resolução de possíveis problemas. O destaque sempre é a redução de tempo com alta qualidade no processo produtivo.
Mão de obra
Operadores multifuncionais, bem treinados e de fácil adaptação em qualquer ambiente de trabalho é um dos objetivos do conceito Just in Time. Isso permitirá aos gestores, uma possível troca em caso de falta, sem prejudicar o andamento da produção.
Outro ponto importante é que trabalhem em pé, permitindo melhorar sua movimentação na célula de trabalho e também sua ergonomia.
Nesse quesito é importante adotar mobiliário que ofereça maior conforto ao trabalhador, como cadeiras certas para cada biótipo e nível da mesa para adequar a altura do colaborador.
Layout
Na metodologia Just in Time o processo de produção deve ser organizado em células, ou seja, agrupado de acordo com a finalidade da produção ou da montagem do produto. A disposição deve ser em formato da letra U, aproximando maquinário e também os trabalhadores.
Isso reduz a movimentação e o tempo de preparação de máquinas e equipamentos, bem como melhora a comunicação interna, tornando o trabalho mais produtivo. Esse modelo aumenta a autonomia dos encarregados e também promove melhor balanceamento da
linha, considerando zero a taxa de erros.
Qualidade
Trabalhar com o fluxo de apenas uma peça por vez gera um trabalho mais detalhado, específico, aumentando consideravelmente o nível de qualidade na linha de produção. Com isso eliminam-se a criação de lotes intermediários no processo e os desperdícios.
Implantar medidas de avaliação e de desempenho coerentes com a filosofia JIT também contribui para elevar a qualidade e o desempenho dos grupos de trabalho. O encarregado pode verificar as taxas diárias de rotação de estoques, bem como o percentual diário das metas de produção, entre outras medidas.
Fornecedores
Como a prioridade do JIT é trabalhar com estoques em níveis mínimos necessários para manter a linha de produção ativa, os fornecedores podem se transformar em pontos positivos ou negativos de produção.
Eles precisam ter condições logísticas para oferecer as quantidades de matérias-primas ou produtos semiacabados necessários para manter a empresa abastecida. Realizar entregas diárias ou semanais pode ser uma boa alternativa.
Exemplos de empresas que utilizam o método Just in Time
No Japão, berço da filosofia Just in Time, sua aplicabilidade está tão intrinsecamente ligada à qualidade dos processos produtivos que muitas empresas chegam a fabricar suas próprias máquinas de produção. Desta forma reduzem muito os custos no processo.
A Toyota foi a primeira montadora a implementar o JIT para reduzir os tempos de preparação e, consequentemente, de produção.
Antes demorava cerca de uma hora para preparar uma prensa de 800 toneladas, usada para moldar capôs e para-choques. Após cinco anos de implantação do JIT, esse tempo caiu para 12 minutos, enquanto o concorrente americano levava seis horas.
O trabalho foi se intensificando, passando para dez minutos e chegando há um minuto. Para isso, bastou alterar a máquina de forma que a peça feira deslizasse por um dos lados, enquanto a nova entrava para ser moldada. A Dell é outro exemplo de Just in Time de sucesso.
Revolucionando o sistema de produção de computadores não armazenava matéria-prima, até que o pedido fosse feito. Desta forma conseguia oferecer aparelhos com especificações definidas em menor tempo, em relação aos concorrentes.
No Brasil, são inúmeros os casos bem-sucedidos como Petrobras, Grupo Votorantim, Avon, Unilever, Embraer, Fiat, General Motors, Nestlé, etc.
Conclusão
A modernização dos processos industriais passa por profunda transformação, fundamental a partir da década de 50. Impulsionados por dificuldades econômicas ou em busca de melhores resultados, muitas empresas adotam conceitos que organizam o ambiente produtivo como Just in Time (JIT).
Prestes a enfrentar a falência, a primeira delas foi a Toyota japonesa, sob o comando do engenheiro mecânico Taiichi Ono.
Com seu trabalho e dedicação mostrou que a metodologia era eficiente, chegou a vice-presidência da empresa, onde trabalhou mesmo depois de sua aposentadoria.
Como resultado a empresa saiu do vermelho para chegar a uma das maiores e melhores montadoras no mundo.
A estratégia está alicerçada em uma produção mais enxuta, com eliminação de desperdícios, melhoria contínua dos processos produtivos e também na qualidade e nos preços dos produtos oferecidos.
A técnica de gestão considera aspectos importantes de controle de materiais, gerenciamento de qualidade, organização física dos meios produtivos, do trabalho e de recursos humanos. Seu objetivo final é zerar os erros e reduzir o tempo de produção, bem como os estoques.
Assim as etapas da cadeia produtiva são otimizadas, eliminando até espaços e custos de armazenamento e inventário. Em busca dessa melhoria contínua a empresa precisa investir em sistemas de gestão informatizados, bem como em uma assessoria capaz de orientar nas melhores tomadas de decisões como a Investor Consulting Partners.
Com mais de dez anos de atuação, já atendeu mais de 300 empresas dos mais diversos setores da economia, em 20 estados brasileiros. As avaliações superam a marca dos R$ 200 bilhões e mais de 250 mil ativos inventariados.
