A marca, como ativo intangível, carregam um peso enorme na forma como as empresas são percebidas e valorizadas. E é aqui que surge a figura essencial do Avaliador de Marcas. Este profissional é responsável por interpretar os dados e elementos que compõem o valor de uma marca.
Mas, o que exatamente faz um Avaliador de Marcas?
Utilizando conhecimentos de contabilidade, com base nas diretrizes do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e até mesmo ciência de dados, este especialista analisa planilhas mais detalhes, até números que só aparecem nas planilhas mais detalhadas. Tudo isso para responder à pergunta: “Quanto vale essa marca?”
O trabalho do avaliador ganha direcionamento com o CPC 04 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse conjunto de regras é como o mapa do tesouro para a avaliação de ativos intangíveis. Ele não só define o que deve ser considerado um ativo intangível, mas também estabelece como esses ativos devem ser tratados nos registros financeiros de uma empresa.
E neste texto, vamos explicar como o funciona o trabalho do Avaliador de Marcas dentro da ótica do CPC 04.
O que é ativo intangível?
A definição de termos contábeis é emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Sendo este também, responsável pelo preparo e emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações deste âmbito.
De acordo com o CPC 04, ativo intangível é um bem não monetário identificável sem substância física. Em outras palavras, é um ativo que não pode ser representado por dinheiro ou por direitos a serem recebidos em uma quantia fixa ou determinável.
Caracterizam-se como bens que se enquadram nesta categoria de ativo intangível exemplos como:
- Marcas;
- Softwares;
- Artigos científicos, periódicos ou patentes.
- Direitos autorais;
- Licenças e direitos de comercialização,
- Receitas, fórmulas, modelos, projetos e protótipos.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis determina que um ativo intangível é identificado como tal, quando:
- For separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou com um contrato, ativo ou passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade;
- Resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independente da possibilidade de serem transferidos ou separados da entidade ou de outros direitos e obrigações.
Como Identificar um Ativo Intangível?
Após esta identificação é feito o reconhecimento do ativo. Entretanto, a inserção deste nas demonstrações contábeis ocorre apenas se:
- For provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade;
- O custo do ativo pode ser mensurado com confiabilidade.
Para avaliar a probabilidade de geração de benefícios econômicos futuros, a instituição deve utilizar premissas razoáveis e comprováveis, representando a melhor estimativa da administração.
Além disso, o custo do ativo é relacionado ao fluxo de benefícios econômicos atribuíveis ao seu uso, e é julgado pela própria empresa.
De acordo com um estudo da Assessoria Financeira Ocean Tomo, estes bens atualmente representam mais de 80% do valor das empresas. Sendo assim, o investimento em ativos intangíveis é indispensável para uma empresa se manter no mercado e crescer economicamente.
Há certa complexidade na mensuração dos ativos intangíveis devido à incerteza associada a seus valores e à estimação de suas vidas úteis.
Como um Avaliador de Marcas determina o Valor de um Ativo Intangível?
Para um avaliador de marca determinar o valor de um ativo intangível, é necessário que ele faça uma análise cuidadosa, levando em consideração todos os custos associados à sua criação ou aquisição.
1. Identificação e Reconhecimento
O primeiro passo é identificar se o ativo atende aos critérios de reconhecimento de um ativo intangível. Isso significa que o ativo deve ser identificável, a entidade deve ter controle sobre o ativo, e o ativo deve ser capaz de gerar benefícios econômicos futuros. Além disso, o custo do ativo deve ser mensurável de forma confiável.
2. Mensuração Inicial
Após o reconhecimento, o ativo intangível deve ser inicialmente mensurado pelo seu custo. Isso inclui o preço de compra, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis, após dedução de descontos e abatimentos, além de custos diretamente atribuíveis à preparação do ativo para o uso pretendido.
3. Mensuração Posterior
Para a mensuração posterior, a entidade pode escolher entre dois modelos: o modelo do custo e o modelo da reavaliação. O modelo do custo implica manter o ativo intangível registrado pelo custo menos a amortização acumulada e quaisquer perdas por impairment acumuladas. Já o modelo da reavaliação, que é menos comum e depende da existência de um mercado ativo para o ativo intangível, permite reajustar o valor do ativo para o seu valor justo no momento da reavaliação, menos quaisquer amortizações e perdas por impairment subsequentes.
4. Teste de Impairment
O CPC 04 exige que os ativos intangíveis sejam submetidos a testes de recuperabilidade sempre que houver indícios de desvalorização. Isso significa comparar o valor contábil do ativo com o seu valor recuperável, que é o maior valor entre o valor justo do ativo menos os custos para vender e o seu valor em uso. Se o valor contábil exceder o valor recuperável, a diferença deve ser reconhecida como uma perda por impairment.
Essas etapas exigem uma combinação de análises qualitativas e quantitativas, muitas vezes incluindo avaliações de mercado, estimativas de fluxos de caixa futuros e a aplicação de taxas de desconto apropriadas para determinar o valor presente líquido dos benefícios econômicos futuros esperados.
Compreendendo a Vida Útil dos Ativos Intangíveis
Além disso, o Avaliador de Marcas tem que compreender a duração da vida útil de ativos intangíveis. Isso pode variar entre ser finita, baseada em tempo ou produção, ou indefinida, onde não é possível prever por quanto tempo o ativo gerará benefícios econômicos.
Fatores para Avaliar a Vida Útil
Diversos elementos influenciam na determinação da vida útil de um ativo intangível, incluindo:
- o uso esperado pelo proprietário e se uma nova gestão poderia administrá-lo tão eficientemente;
- os ciclos de vida dos produtos e informações de mercado sobre ativos similares;
- riscos de obsolescência devido a avanços tecnológicos ou mudanças no mercado;
- a estabilidade do setor e demanda do mercado pelos produtos ou serviços do ativo;
- limitações temporais no controle do ativo e restrições legais ou contratuais;
- dependência em relação à vida útil de outros ativos da empresa.
Ativos Intangíveis Gerados Internamente
Um ativo intangível gerado internamente pode ser, por exemplo, uma ferramenta desenvolvida in-house para atender necessidades específicas, gerando benefícios econômicos diretos ou economia de custos para a empresa. Exemplos comuns incluem:
- websites;
- softwares e ferramentas;
- publicações;
- direitos de comercialização;
- protótipos e projetos;
- fórmulas e receitas;
Diferença entre Ativos Tangíveis e Intangíveis
Ativos tangíveis são depreciados ao longo do tempo, refletindo o desgaste ou a redução de utilidade. Já os intangíveis são amortizados, considerando a diminuição de seu valor de aquisição ao longo de uma vida útil definida ou durante um período legalmente restrito.
Goodwill: Um Ativo Intangível Especial
O goodwill representa o valor adicional que uma empresa possui, além do valor justo de seus ativos e passivos, muitas vezes decorrente da reputação ou da entrada de um novo sócio. Difere de outros ativos intangíveis pelo seu potencial de gerar riquezas a longo prazo.
Divulgando Informações sobre Ativos Intangíveis
As empresas devem diferenciar ativos intangíveis gerados internamente dos adquiridos e divulgar:
- vida útil ou taxas de amortização;
- métodos de amortização para ativos com vida útil definida;
- o valor contábil inicial e final do período, incluindo amortização e perdas;
- onde as despesas de amortização são reportadas nas demonstrações financeiras;
- uma conciliação do valor contábil do início ao fim do período.
Conclusão
Ao longo deste artigo, foi possível entender qual é o papel de um Avaliador de Marcas e como ele trabalha com o ativo intangível. A necessidade de avaliá-los é óbvia, porém, complexa e subjetiva.
Apesar de ser difícil de mensurar, é importante que os empresários se lembrem que os ativos intangíveis podem trazer benefícios imensos para a instituição, seja através da criação de renda ou da redução de gastos, otimizando o caixa da empresa.
Quer aprender mais sobre ativos? Confira nosso artigo sobre Gestão do ativo imobilizado: motivos para escolher uma consultoria externa.