Você já ouviu falar sobre a NBR 14653?
As normas criadas pela ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, prevê a padronização de processos para elaboração de serviços e produtos no país.
A intenção é manter a qualidade e segurança, desde o momento da produção até a entrega para os consumidores, levando tranquilidade e confiança para os envolvidos em todas as partes do processo.
Dentre as Normas Brasileiras mais comuns no que diz respeito aos imóveis rurais, destaca-se a NBR 14653, que abrange questões como avaliação desses imóveis, desde os procedimentos gerais até as especificidades de cada tipo de imóvel rural.
A norma, que muitas vezes pode parecer confusa, se divide em sete passos, que serão explicados ao longo deste artigo.
Quer saber mais sobre o tema? Continue a leitura.
O que é NBR 14653?
A NBR 14653 é uma Norma Brasileira que visa padronizar e manter a qualidade e veracidade das avaliações de imóveis rurais, desde a definição dos procedimentos gerais até a atuação específica em cada um deles.
O que muitas vezes pode confundir algumas pessoas é o fato de que a NBR 14653 é dividida em sete partes.
No entanto, não é tão complexo assim: cada uma dessas partes trata basicamente do mesmo assunto, mas foram separadas para facilitar o entendimento e a aplicação no dia a dia.
Quais são as 7 partes da NBR 14653?
A NBR 14653 é dividida em sete partes, para especificar a atuação em diferentes bens da empresa.
São elas:
- NBR 14653-1 – Parte 1: Procedimentos gerais;
- NBR 14653-2 – Parte 2: Imóveis urbanos;
- NBR 14653-3 – Parte 3: Imóveis rurais;
- NBR 14653-4 – Parte 4: Empreendimentos;
- NBR 14653-5 – Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral;
- NBR 14653-6 – Parte 6: Recursos naturais e ambientais;
- NBR 14653-7 – Parte 7: Patrimônios históricos.
Parte 01: Procedimentos gerais
A primeira parte da norma, chamada NBR 14653-1, consiste nos procedimentos gerais dessa NBR, e será utilizada juntamente com alguma outra parte, quando for necessário.
Nessa primeira parte, são definidas as diretrizes de atuação na avaliação dos bens, como:
- a classificação quanto à natureza do bem;
- as terminologias, definições, abreviaturas e símbolos;
- a descrição das atividades;
- a definição da metodologia que será adotada durante a avaliação do bem;
- as especificações necessárias para realização da avaliação;
- os requisitos básicos, laudos e parecer técnico para a avaliação.
Além dessas informações, a primeira parte da NBR 14653 define todas as atividades que o engenheiro responsável deverá realizar durante a avaliação de imóveis rurais, como:
- requisição de documentos;
- realização de vistoria;
- coleta de dados, tanto em aspecto quantitativo quanto em aspecto qualitativo;
- realização de pesquisa de mercado; etc.
Parte 02: Imóveis urbanos
A segunda parte, também conhecida como NBR 14653-2, trata de imóveis urbanos.
Seguindo a lógica que explicamos anteriormente, de que a primeira parte deve ser trabalhada juntamente com uma das partes seguintes, essa norma define a forma com que os imóveis urbanos devem ser avaliados.
Seguindo os procedimentos gerais, é preciso adequar o tipo de vistoria para esse tipo de bem que será avaliado, além de acrescentar alguns detalhes importantes conforme necessidade identificada pelo engenheiro responsável.
Aqui, é preciso:
- realizar a caracterização do terreno;
- realizar a caracterização das edificações;
- e realizar a caracterização das benfeitorias que não estão documentadas.
Parte 03: Imóveis rurais
A terceira parte, NBR 14653-3, atua diretamente em imóveis rurais.
Apesar de ser semelhante à NBR 14653-2, essa parte exige que o engenheiro responsável também adeque alguns detalhes da avaliação para a realidade do bem.
Além de seguir dos procedimentos gerais previstos na primeira parte, o responsável também deverá classificar os componentes do imóvel rural, como:
- terras;
- máquinas;
- equipamentos removíveis ou fixos;
- veículos;
- atividades pecuárias;
- recursos naturais;
- benfeitorias;
- produções vegetais; etc.
Parte 04: Empreendimentos
A quarta parte, NBR 14653-4, atua diretamente com empreendimentos de modo geral.
Nessa parte, os empreendimentos poderão ser classificados de duas maneiras:
- de acordo com seu estágio, concepção, projeto, implementação, execução, pré-operação, etc;
- de acordo com a sua base, como parcelamento do solo, benfeitoria ou ambos.
Lembrando que, para a realização da avaliação de empreendimentos, é preciso considerar as especificidades, combinadas aos procedimentos gerais definidos na primeira parte da NBR 14653.
Parte 05: Máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais em geral
Saindo um pouco da parte de construção civil das partes anteriores, a NBR 14653-5 define as diretrizes específicas para avaliação de máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais.
Combinada com a primeira parte da norma NBR 14653, essa quinta parte irá guiar a avaliação desses bens, levando em consideração:
- o tipo de bem: máquinas, equipamentos, veículos, utensílios, móveis, moldes, etc;
- a situação de cada bem.
Parte 06: Recursos naturais e ambientais
Os recursos naturais também precisam ser avaliados, e a sexta parte, NBR 14653-6, combinada com a primeira de procedimentos gerais, irá auxiliar nesse processo.
Os recursos naturais, sejam eles abióticos ou bióticos, e ambientais serão avaliados de acordo com essas diretrizes.
Essa parte da norma define os dois métodos para avaliação desse tipo de bem:
- métodos diretos;
- métodos indiretos.
Parte 07: Patrimônios históricos
Por fim, a sétima parte, denominada NBR 14653-7, irá atuar diretamente na avaliação de patrimônios históricos.
Além de seguir os procedimentos gerais estabelecidos na primeira parte, NBR 14653-1, também é necessário seguir outras diretrizes, como:
- o aspecto físico do bem;
- o estado de conservação;
- a sua atual situação se comparado ao estado original; etc.
Qual a importância da NBR 14653-1 para a avaliação de imóveis rurais?
A NBR 14653 é fundamental tanto para o ramo imobiliário quanto para o Direito, no que diz respeito à avaliação de bens.
A primeira parte, NBR 14653-1 é fundamental para nortear a avaliação dos diferentes tipos de bens, definidos pela norma.
É através desses procedimentos gerais que os engenheiros responsáveis pelas avaliações seguirão suas atividades, sempre atuando em conformidade com as normas estabelecidas, além de acrescentar ou adaptar os processos conforme o tipo de bem.
Como explicado anteriormente, a NBR 14653-1 não se executa sozinha: ela é fundamental na execução das outras seis partes que se seguem, definidas pela NBR 14653.
Ela atua direcionando o trabalho dos profissionais responsáveis em qualquer tipo de avaliação de bens.
Quais são os procedimentos gerais de avaliação conforme a NBR 14653?
Como dito anteriormente, a NBR 14653 é dividida em sete partes, sendo a primeira a definição dos procedimentos gerais para avaliação dos bens.
São considerados procedimentos gerais de avaliação conforme a NBR 14653:
- a classificação quanto à natureza do bem;
- as terminologias, definições, abreviaturas e símbolos;
- a descrição das atividades;
- a definição da metodologia que será adotada durante a avaliação do bem;
- as especificações necessárias para realização da avaliação;
- os requisitos básicos, laudos e parecer técnico para a avaliação;
- requisição de documentos para avaliação dos bens;
- realização de vistoria;
- coleta de dados, tanto em aspecto quantitativo quanto em aspecto qualitativo;
- realização de pesquisa de mercado; etc.
Quais os métodos previstos na norma NBR 14653?
Os métodos, conceitos e procedimentos gerais previstos pela NBR 14653 estão descritos na primeira parte, definidos pela NBR 14653-1.
São eles:
- método comparativo direto de dados de mercado;
- método involutivo;
- método da renda;
- método evolutivo;
- método da quantificação do custo;
- método comparativo direto de custo.
Cada uma dessas metodologias deve ser utilizada conforme previsto pela NBR 14653-1, que especifica em quais situações e circunstâncias cada uma delas é recomendada.
Métodos para identificar o valor de um bem, de seus frutos e direitos
Como explicado anteriormente, a NBR 14653-1 define diversas metodologias para avaliação de um bem.
No que diz respeito aos métodos para identificar o valor de um bem, seus frutos e direitos, são recomendadas quatro metodologias:
- método comparativo direto de dados de mercado;
- método involutivo;
- método da renda;
- método evolutivo.
Vamos entender cada uma delas a seguir.
Método comparativo direto de dados de mercado
O método comparativo direto de dados de mercado exige a realização de um planejamento de pesquisa para levantamento dos dados e o levantamento dessas informações.
Planejamento de pesquisa
Nesse planejamento de pesquisa, é preciso encontrar a composição de uma amostra que realmente demonstre os dados de mercado relacionados aos bens a serem avaliados.
Para isso, é preciso definir a estrutura da pesquisa, bem como seu viés estratégico, delimitando o mercado que será analisado.
Ainda nesse método, é preciso ter alguns cuidados como a identificação das variáveis do modelo, que podem ser:
- variáveis pendentes: onde é necessário investigar no mercado qual é a relação entre a conduta e a expressão dos valores, além de avaliar a homogeneidade das unidades de medida nessas referências;
- variáveis independentes: que se referem às características físicas do imóvel, bem como sua localização e questões econômicas. Essas variáveis são escolhidas com base em teorias já existentes, senso comum ou conhecimento adquirido pelo especialista.
É recomendado que, sempre que possível, sejam adotadas as variáveis quantitativas durante a avaliação de imóveis rurais.
Levantamento de dados de mercado
Além do planejamento de pesquisa, é necessário realizar o levantamento de dados de mercado.
Esse levantamento terá como objetivo obter uma amostra representativa que explicará o comportamento do mercado em que o imóvel avaliado está inserido.
O engenheiro, nessa etapa, precisará investigar o mercado conforme a pesquisa planejada anteriormente, coletando as informações relevantes para a análise para, a partir de então, conseguir realizar uma avaliação mais assertiva.
Para o levantamento de dados ser feito de forma estratégica, é interessante que:
- as fontes sejam diversificadas, e que essa diversidade seja identificada na transcrição dos dados;
- os dados sejam verificados por um engenheiro de avaliações;
- sejam consideradas superestimativas de preços, e que esses números sejam quantificados ao confrontá-los com os dados das transações;
- sopesar as informações que se caracterizam como opiniões subjetivas do informante.
Método involutivo
O método involutivo possui diversas etapas, que precisam ser consideradas e aplicadas conforme previsto pelas normas estabelecidas:
- vistoria;
- concepção do projeto hipotético: onde o engenheiro irá verificar o aproveitamento eficiente para o imóvel avaliado;
- pesquisa de valores: considerando os preceitos do método comparativo direto de dados de mercado, para conseguir estimar qual é o valor de mercado do bem avaliado;
- previsão de receitas: considerando um projeto hipotético, as receitas de venda do imóvel avaliado devem ser calculadas a partir da pesquisa de valores pontuada anteriormente. É preciso considerar a valorização imobiliária que pode ocorrer eventualmente.
- levantamento do custo de produção do projeto hipotético: aqui são considerados os custos diretos e indiretos do projeto, custos de elaboração, custos de aprovação e outros detalhes;
- previsão de despesas adicionais: devem ser incluídas as despesas pertinentes, como os valores gastos com a compra do imóvel, a administração, vigilância, impostos, seguros, taxas, publicidade e comercialização das unidades, por exemplo;
- margem de lucro do incorporador: em modelos que não são utilizados no fluxo de caixa, a margem de lucro deverá ser considerada de forma proporcional ao risco do empreendimento. A margem de lucro no caso de modelos estáticos deverá ser referente à prática do mercado;
- prazos: nos modelos dinâmicos, os prazos para execução do projeto deverão ser compatíveis com as características físicas do mesmo, bem como a disponibilidade de recursos, tecnologia e condições de mercado. Já o prazo para venda das unidades deverá ser compatível com a estrutura do empreendimento, sua conduta e o desempenho do mercado;
- taxas: nos modelos dinâmicos, é importante explicitar quais são as taxas de valorização do imóvel, de evolução dos custos, de evolução das despesas, dos juros do capital e, claro, a mínima de atratividade do empreendimento;
- modelos: para a avaliação seguindo os modelos, é possível escolher em ordem de preferência por fluxos de caixa específicos, aplicação de modelos simplificados dinâmicos ou com a aplicação dos chamados modelos estáticos.
Método da renda
Para as avaliações realizando o método da venda, é preciso considerar alguns aspectos como:
- estimação das receitas e despesas: é preciso avaliar todas as despesas necessárias para a manutenção do imóvel, bem como sua boa operação, considerando os impostos a serem pagos e as receitas que serão adquiridas com sua exploração;
- montagem do fluxo de caixa: para a montagem de um fluxo de caixa eficiente, é preciso considerar as despesas e receitas previstas, bem como sua sazonalidade;
- estabelecimento de taxa mínima de atratividade para o imóvel: são consideradas as oportunidades de investimentos alternativos disponíveis no mercado, bem como o risco do empreendimento;
- estimação do valor do imóvel: para a estimativa do valor do imóvel, é preciso considerar o fluxo de caixa, descontado sempre a taxa mínima de atratividade definida anteriormente.
Método evolutivo
O método evolutivo considera a composição do valor total do imóvel.
Para conseguir identificar esse valor, é preciso realizar a conjugação dos métodos, considerando o valor do terreno, os custos de reprodução das benfeitorias e o fator de comercialização do empreendimento.
Para isso, é usada a seguinte fórmula matemática:
VI = ( VT + CB ) x FC
Onde:
- VI é o valor do imóvel;
- VT é o valor do terreno;
- CB é o custo de reedição da benfeitoria;
- FC é o fator de comercialização.
Para aplicar o método evolutivo, é preciso:
- que o valor do terreno seja determinado através do método comparativo de dados ou, quando o primeiro não for possível, pelo método involutivo;
- que as benfeitorias sejam apropriadas através do método comparativo de custo ou, quando o primeiro método não for possível, pelo método da quantificação de custos;
- que o fator de comercialização seja devidamente considerado, entendendo que esse poderá ser menor ou maior que a unidade, e que essa variação deve acontecer devido ao mercado durante a época em que a avaliação está sendo realizada.
Método para identificar o custo de um imóvel
Para identificar o custo de um imóvel durante a avaliação de imóveis rurais, são recomendadas duas metodologias distintas:
- método da quantificação do custo;
- método comparativo direto de custo.
Vamos entender cada um deles a seguir.
Método da quantificação do custo
O método de quantificação do custo é utilizado para identificar os custos de reedição das benfeitorias, seguindo os seguintes passos:
- identificação de custo pelo custo unitário básico: onde são consideradas a vistoria, o cálculo da área equivalente de construção e a estimação do custo de construção;
- identificação do custo pelo orçamento detalhado: onde são realizadas vistorias, levantamento dos quantitativos, pesquisa de custos, preenchimento de planilha orçamentária, cálculo de depreciação física e custo de reedição da benfeitoria.
Método comparativo direto de custo
Por fim, o método comparativo direto de custo irá considerar a amostra que é composta por imóveis com projetos semelhantes.
Analisando essas semelhanças, será possível elaborar os modelos que seguirão os procedimentos usuários previstos no método comparativo direto de dados de mercado.
Conclusão
A NBR 14653 é utilizada para a avaliação de imóveis rurais, e é dividida em sete partes que especificam detalhes sobre cada tipo de bem avaliado.
Como explicado anteriormente, é fundamental que a primeira parte, definida como NBR 14653-1 seja considerada juntamente com as outras seis partes seguintes, pois ela é responsável por nortear o trabalho do engenheiro especialista.
Essas avaliações são fundamentais para que os gestores sejam capazes de ter uma visão mais clara sobre o patrimônio da empresa, bem como sua influência nas finanças e no orçamento da instituição.
Para entender mais sobre o tema, sugerimos a leitura complementar do artigo Controle de patrimônio e orçamento: como um afeta o outro?