Você sabe quais são os impactos do ESG (Environmental, Social and Governance) em negociações de fusão e aquisição de empresas?
Quando pensamos no planejamento empresarial, é preciso considerar os mais diversos fatores de risco e de impacto da empresa no mercado. Através do ESG, esse planejamento também deverá inserir questões socioambientais: é preciso que os gestores comecem a se preocupar com as implicações da empresa no ponto de vista social e ambiental, e como esse impacto pode prejudicar (ou apoiar) a imagem que está sendo construída pelo negócio junto com seu público.
No caso de negociações de fusão e aquisição de empresas, isso não seria diferente.
Quer entender mais sobre quais são os impactos do ESG nas negociações de fusão e aquisição de empresas? Continue a leitura.
Como está o cenário de fusões e aquisições no Brasil?
2021 foi um ano de muitas mudanças no cenário de fusões e aquisições no Brasil. Tradicionalmente, esperamos que as grandes corporações e holdings sejam as protagonistas nesse mercado.
No último ano, essa realidade foi diferente. 2021 se destacou como o ano com um crescimento de quase 50% do número de negociações de fusão e aquisição, se compararmos com o ano anterior.
No entanto, esse não é o grande destaque. O que chamou a atenção dos profissionais da área foi identificar que as startups foram as principais responsáveis pelo aumento do número de negociações, que totalizou 247 transações. Foi a primeira vez na história que empresas desse formato se destacaram no mercado de fusões e aquisições.
O que é ESG?
O ESG (Environmental, Social and Governance), também conhecido como Meio Ambiente, Social e Governança, é uma sigla que, devido à complexidade do tema, transformou a forma das empresas se posicionarem e se comunicarem, substituindo a palavra “sustentabilidade” nos planejamentos e planos empresariais.
Não é novidade que o mercado está mudando – e junto com isso, mudaram também as prioridades, necessidades e preocupações dos clientes. Na medida em que os hábitos de consumo vão se atualizando, as empresas observam um movimento diferente – e precisam se adequar.
O consumo consciente, com responsabilidade socioambiental, se tornou uma pauta de extrema importância em todo o mundo, e isso exige que as empresas se adequem a essa nova realidade para além do discurso – ou seja, com ações práticas no dia a dia.
Quais são os indicadores de sustentabilidade?
Um ponto de extrema importância para as empresas que adotam ações de responsabilidade socioambiental é saber mensurar os indicadores de sustentabilidade.
Apesar de parecerem um pouco vagos e intangíveis, existem alguns indicadores-chave de performance que podem ser avaliados pelas empresas que estão atuando com ESG.
Dentre as métricas mais comuns, são avaliadas:
- O gasto de energia (esse número reduziu ou aumentou?);
- O consumo de energias de fonte não renovável;
- Os níveis de desperdício de água dentro da empresa;
- A poluição sonora, visual, das águas ou do ar causadas pelas atividades realizadas na empresa;
- A habilidade da empresa de aproveitar os recursos naturais que são empregados nas atividades do dia a dia do negócio.
Além do que envolve os níveis de consumo e de poluição causados pela empresa, o ESG também traz algumas informações mais complexas, como:
- Alinhamento de regras internas com as boas práticas de compliance;
- Alinhamento das leis do setor;
- Riscos ambientais causados pelas ações da empresa;
- A qualidade e a forma com que a empresa se relaciona com seus parceiros e com a comunidade à sua volta;
- Como a empresa é capaz de gerenciar os impactos das operações realizadas diariamente;
- Quando aplicável, a forma com que a empresa gerencia os materiais tóxicos que são utilizados internamente.
Por que as empresas estão adotando o ESG?
Um movimento observado no mercado de todo o mundo e, sem dúvidas, no Brasil, foi o aumento do número de empresas adotantes do ESG (Environmental, Social and Governance).
Como dito anteriormente, na medida em que o mercado evolui, as empresas precisam se adaptar. O que antes era um foco exclusivo no crescimento da instituição, hoje envolve outros setores: é preciso se relacionar e se responsabilizar pelos impactos do seu negócio não só no meio ambiente, mas na comunidade ao redor.
Por isso, não só os clientes, como os parceiros e os possíveis investidores se preocupam cada vez mais com a forma com que as empresas se posicionam e agem no dia a dia, principalmente no que diz respeito às ações de responsabilidade socioambiental.
Além do que é puramente interesse do mercado, hoje é lei. Existem legislações para regulamentar e estabelecer as melhores práticas para alguns casos específicos que precisam ser seguidos, como a gestão de materiais tóxicos, a inclusão dentro das empresas e ações de redução de dados do negócio no meio ambiente.
Como é o cenário do ESG no Brasil?
O Brasil tem aumentado consideravelmente o número de empresas adotantes do ESG (Environmental, Social and Governance) nos últimos anos.
A conscientização de que as mudanças no bioma do país podem impactar não só o Brasil, como o mundo inteiro, faz com que estejamos em um ponto de destaque, principalmente no que diz respeito aos cuidados e estratégias de preservação do meio ambiente.
Por causa disso, as empresas estão cada vez mais interessadas em agir dentro das melhores práticas socioambientais.
Através desses cuidados, é possível reduzir as chances de imprevistos e prejuízos a longo prazo, uma vez que a adoção de medidas pautadas pela ESG auxilia na imagem da instituição no mercado e, por consequência, aumento do interesse de investidores.
Quais são os impactos do ESG no processo de Fusão e Aquisição?
Assim como os clientes estão mais exigentes com o posicionamento e as ações realizadas pelas empresas, o mercado também está.
Investidores, parceiros e outros stakeholders buscam por informações das mais diversas antes de firmar uma parceria ou investir em uma empresa. Esses critérios não são normalmente incluídos nas demonstrações financeiras da empresa.
No entanto, o ESG inclui observações de extrema importância para as empresas. São elas:
- A conformidade das empresas de acordo com as boas práticas de limites de carbono e/ou mudança climática;
- A estrutura organizacional e de gestão da empresa;
- O posicionamento da empresa em relação a questões como direitos humanos;
- A postura da empresa na relação com fornecedores e distribuidores.
O ESG foi, por muito tempo, subutilizado durante as transações de fusão e aquisição de empresas. No entanto, com o aumento da adoção dessas medidas pelas empresas e, considerando as tendências gerais, as empresas que possuem ações e medidas de responsabilidade socioambiental conseguem mitigar ainda mais os riscos e aumentar seu valor.
1. Usos atuais de ESG em Transações de M&A
Como dito anteriormente, cada vez mais transações de fusão e aquisição de empresas consideram o ESG (Environmental, Social and Governance) como um fator de extrema importância na hora de analisar instituições e oportunidades.
Esse uso se dá principalmente durante o processo de due diligence, onde os fatos são apurados e é realizada uma análise mais precisa de algumas informações da empresa.
Nesse sentido, em uma transação de fusão ou aquisição de empresas, é preciso pontuar para os compradores quais são as responsabilidades futuras que chegam junto com esse negócio. Por exemplo, quando pensamos em empresas que fazem gestão de materiais tóxicos, é preciso deixar claro quais serão as obrigações dos novos sócios e/ou gestores, bem como as consequências da violação das leis ambientais ou trabalhistas previstas.
Do ponto de vista do comprador, esse alinhamento é fundamental para que ele possa mitigar alguns riscos e reduzir as chances de ter problemas futuros com medidas legais, principalmente para aqueles que ainda não possuem conhecimento de questões mais técnicas e específicas do mercado.
O ESG é utilizado nas negociações de fusão e aquisição de clientes para que seja cada vez mais simples compreender a dinâmica da gestão de cada negócio, principalmente entre os stakeholders.
Nesse sentido, quando uma empresa possui uma boa pontuação de governança ESG, é nítido que a integração tende a ser mais bem sucedida, reduzindo os impactos negativos e aumentando a eficiência.
2. Usando ESG para mitigar os riscos
O ESG também pode ser utilizado na mitigação de riscos das empresas.
Durante um processo de fusão e aquisição, as empresas que possuem uma melhor pontuação diante as métricas de ESG são as mais engajadas com questões regulatórias, requisitos contratuais e demais fatores que podem impactar sua atuação.
Além disso, a mitigação de risco pode ser consequência também de um bom alinhamento no momento da compra ou fusão da empresa.
As instituições com melhor pontuação de ESG normalmente se destacam também no quesito Governança. Isso, por sua vez, implica no alinhamento entre antiga e nova gestão, suas obrigações, as melhores práticas, ferramentas, responsabilidades, possíveis ações judiciais, carteira de clientes, etc.
Tudo isso reflete diretamente na tranquilidade com que a integração será realizada. Quanto mais alinhada for essa mudança de bastão, menores riscos e imprevistos surgiram dessa transação.
3. Usando ESG como um potenciador de valor da empresa
Como consequência de todos os fatores que trouxemos anteriormente, a empresa adepta ao ESG (Environmental, Social and Governance), tende a:
- Aumentar o seu valor
- Fornecer informações mais fidedignas sobre seu valor a longo prazo, por exemplo.
Isso se dá devido à previsibilidade que o ESG oferece para as empresas que possuem uma boa pontuação. Quando a empresa se destaca nesse sentido, ela reduz possíveis riscos e complicações, o que traz maior tranquilidade e segurança para os gestores, colaboradores, parceiros, investidores e, por consequência, compradores.
4. Due Diligence
O Due Diligence é fundamental no processo de fusão e aquisição de empresas. Nesse contexto, o ESG (Environmental, Social and Governance) é responsável por aumentar o escopo e o volume de informações que precisarão ser avaliadas durante a análise de oportunidades.
Através do Due Diligence, todas as partes envolvidas na negociação ficarão cientes de fatores técnicos, operacionais e questões legais que podem impactar o dia a dia da empresa.
Como aplicar o ESG no processo de Fusão e Aquisição?
O ESG (Environmental, Social and Governance) pode ser aplicado nos processos de fusão e aquisição de empresas. Como dito anteriormente, quanto mais informações um possível comprador tiver sobre uma empresa, suas ações diárias e responsabilidades socioambientais, maior é a precisão com que riscos são mitigados – riscos sociais, riscos ambientais, prejuízos e complicações legais e jurídicas.
Quando pensamos em transações de fusão e aquisição de empresas, precisamos ter em mente que se trata de um processo longo e que, por isso, precisa ser feito com o máximo de cuidado e atenção em todos os detalhes.
Apesar das informações de ESG terem sido muito subutilizadas no passado, hoje é possível adotar as políticas de ESG (Environmental, Social and Governance) de forma eficiente nas negociações, optando por aquelas instituições que possuem uma melhor pontuação, boas práticas e um histórico interessante de medidas para reduzir seu impacto negativo e aumentar os resultados.
Conclusão
Os impactos do ESG nas negociações de fusão e aquisição de empresas são vários. Felizmente, as consequências são positivas e trazem maior segurança para todos os envolvidos na transação – principalmente os compradores, que terão uma visão muito mais clara, ampla e completa de todas as particularidades do negócio.
Com o aumento da discussão sobre responsabilidade socioambiental no Brasil e no mundo, aumentou-se também a importância de dar preferência para empresas que possuem melhor pontuação no ESG, uma vez que essa nota transparece o compromisso, a responsabilidade e o alinhamento com as medidas necessárias, obrigações legais e mitigação de riscos.
Tanto para as empresas que querem se destacar, quanto para os investidores que buscam por boas oportunidades: o ESG é a melhor forma de construir uma empresa saudável e transformar seu negócio em algo mais sustentável, tanto do ponto de vista socioambiental, quanto financeiramente a longo prazo.
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