Estrutura DVA: entenda o que compõe cada parte

estrutura dva dados

Você sabe o que é e para que funciona uma estrutura DVA?

Entender quais são os custos de uma empresa durante a produção de produtos ou prestação de serviços, além de outras diversas variáveis, é fundamental para ter um negócio saudável.

Não é raro encontrarmos empresas que não sabem precificar seus produtos, principalmente as que estão iniciando sua jornada ou construindo uma nova cartela de serviços ou produtos.

Por isso, entender os custos é tão importante.

Apenas quando uma instituição entende os valores gastos no dia a dia é que é possível identificar um preço justo para seus produtos e, a partir daí, construir um negócio lucrativo.

Nesse processo, a estrutura DVA é fundamental para auxiliar os negócios: além de permitir verificar os valores na demonstração de valor adicionado, também norteia os clientes e mantém a empresa em dia com suas responsabilidades contábeis.

Ela exige, no entanto, o preenchimento de diversas informações, que podem ser encontradas na DRE da empresa, para que o valor adicionado seja devidamente encontrado.

Quer saber mais sobre o tema, entender o que consiste uma estrutura DVA e como ela pode ajudar a sua empresa? Continue a leitura.

O que é DVA?

estrutura dva calculo

A DVA é a Demonstração de Valor Adicionado, e consiste no relatório contábil que a empresa precisa apresentar para demonstrar quanto foi o valor agregado produzido pela comercialização de produtos ou serviços durante um período de tempo.

É importante ter em mente todo o processo de uma empresa: a venda de produtos e serviços por parte de uma instituição consiste em custos de produção, despesas do dia a dia e os riscos que esse negócio poderá apresentar.

Dessa forma, podemos entender que a fonte de renda da empresa vem da capacidade dos produtos e serviços de agregarem um valor além dos custos totais para produção: é a diferença entre os custos e o preço cobrado que irá definir a rentabilidade de um negócio.

Se a sua empresa gasta, por exemplo, R$45 reais na produção de um produto, é importante que ele seja vendido por um valor superior a esse custo, para que a empresa tenha algum lucro nas transações.

Nesse ponto é onde a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) entra: ela mostra quanto foi a rentabilidade da empresa com base nesse valor agregado aos custos de produção da empresa.

Conceitos gerais

Entender os conceitos é o primeiro passo para destrinchar a estrutura DVA e todos os seus benefícios.

O principal objetivo da DVA (Demonstração de Valor Adicionado) é conseguir evidenciar a criação de riquezas pela empresa, bem como a sua distribuição entre todas as partes e setores envolvidos durante um determinado período.

Essa Demonstração de Valor Adicionado é obrigatória apenas para as empresas que possuem capital aberto.

Para conseguir realizar a sua Demonstração de Valor Adicionado, é preciso considerar os dados disponíveis no DRE, e acrescentar as informações faltantes, quando necessário.

Um outro conceito importante de ser entendido é o valor adicionado.

O valor adicionado corresponde aos lucros (riquezas) criados pela instituição. Esse lucro é medido pela diferença entre o valor das vendas realizadas e os insumos que foram adquiridos de terceiros.

Para entender o valor adicionado, também é preciso incluir os valores recebidos em transferência, quando produzidos por terceiros e que são, de fato, transferidos à empresa.

Quem deve fazer a DVA?

A DVA, Demonstração de Valor Adicionado, deverá ser realizada pelas empresas de capital aberto, conforme previsto pela Lei 11.638/2007.

A lei determina que as empresas de sociedades anônimas devem dar publicidade aos dados referentes ao valor adicionado.

Apesar de não ser obrigatório, o número de empresas de capital fechado ou economia mista que também realizam a Demonstração de Valor Adicionado está aumentando.

Essa adoção por parte de empresas que não são obrigadas a realizar a DVA acontece devido aos benefícios dessa análise: é possível interpretar melhor os dados da instituição para melhorar o resultado financeiro.

Dessa forma, é possível dizer que a DVA, Demonstração de Valor Adicionado, pode ser realizada por qualquer tipo de empresa, apesar da obrigatoriedade ser exclusiva de empresas de capital aberto.

Como a DVA é feita?

estrutura dva distribuicao de valor adicionado

A DVA é calculada a partir das receitas operacionais e não-operacionais da empresa durante um determinado período.

Nesse momento, serão subtraídas da receita total da empresa todas aquelas despesas operacionais que aconteceram durante o período que está sendo analisado.

Quando identificamos esse valor, o chamamos de valor adicionado bruto.

Depois de descobrir o valor adicionado bruto, devemos descontar todas as despesas não-operacionais para obter o valor adicionado líquido.

Com o valor adicionado líquido, é necessário distribuí-lo entre os componentes responsáveis pela geração de riqueza da instituição.

A vantagem desse cálculo é conseguir identificar, por exemplo, quais produtos ou serviços são responsáveis pela maior rentabilidade da instituição.

A partir daí, com essas informações em mãos, a empresa conseguirá realizar escolhas e mudanças estratégicas no seu dia a dia, aumentando os lucros e caminhando para a realização de seus objetivos.

Como é a estrutura DVA?

estrutura dva relatorio

A estrutura DVA possui uma série de pontos importantes, que devem ser apresentados em seu modelo básico.

Pode ser que, em algum momento, dependendo da instituição, algumas informações devam ser adicionadas.

No entanto, a base da estrutura DVA é a mesma, e vamos apresentá-la a seguir.

1. Receitas da empresa

Aqui são considerados os valores brutos da empresa, incluindo os impostos.

Dentre as receitas da empresa, devem ser levantadas:

  • venda de mercadorias, de produtos e de serviços;
  • outras fontes de receitas;
  • os resultados não-operacionais da empresa;
  • a provisão para os créditos de liquidação duvidosa.

2. Insumos adquiridos de terceiros (com ICMS e IPI)

Aqui são considerados os custos da empresa, como:

  • custos dos produtos ou serviços vendidos, levando em consideração todos os valores pagos a terceiros e reduzindo os gastos com a própria equipe;
  • a perda ou recuperação dos valores ativos da empresa;
  • materiais;
  • energia;
  • serviços de terceiros;
  • outros tipos de custos.

Um ponto fundamental é se lembrar de considerar os impostos como ICMS e IPI incluídos em cada despesa da instituição.

3. Valor adicionado bruto

Para identificar o valor adicionado bruto de um período, devemos fazer o cálculo:

receitas da empresa – insumos adquiridos de terceiros

4. Retenções

Na parte de retenções, devemos considerar os valores de depreciação, amortização e exaustão.

5. Valor adicionado líquido produzido pela empresa

Para identificar o valor adicionado líquido produzido pela empresa, devemos fazer o cálculo:

valor adicionado bruto – retenções 

6. Valor adicionado recebido em transferência

São componentes do valor adicionado recebido em transferência:

  • os resultados de equivalência patrimonial, sejam eles positivos ou negativos;
  • as receitas financeiras da empresa, como os juros recebidos;
  • as outras receitas da empresa, como aluguéis, direitos de franquia, etc.

7. Valor adicionado total a distribuir

Para identificar o valor adicionado total a distribuir, devemos fazer o cálculo:

valor adicionado líquido produzido pela empresa + valor adicionado recebido por transferência

8. Distribuição do valor adicionado

Para preencher a sessão de distribuição do valor adicionado, é preciso considerar os seguintes pontos:

8.1 Pessoal

8.1.1 Remuneração direta (inclui salários, férias, 13º, horas extras e comissões dos colaboradores)

8.1.2 Benefícios (como plano de saúde, vale-transporte e alimentação.)

8.1.3 FGTS

8.2 Impostos, taxas e contribuições

8.2.1 Federais

8.2.2 Estaduais

8.2.3 Municipais

8.3 Remuneração de capitais de terceiros

8.3.1 Juros (pagos a terceiros)

8.3.2 Aluguéis

8.3.3 Outras (valores também pagos a terceiros, como royalties, franquias e direitos autorais)

8.4 Remuneração de capitais próprios

8.4.1 Juros sobre o capital próprio

8.4.2 Dividendos

8.4.3 Lucros retidos/prejuízo do exercício

8.4.4 Participação de não-controladores nos lucros retidos (na consolidação).

O que a DVA revela sobre uma empresa?

A DVA, Demonstração de Valor Adicionado, precisa ser publicada comparando pelo menos dois períodos consecutivos.

Dessa forma, a empresa conseguirá identificar informações como a sua capacidade de produção de riqueza durante esse intervalo, por exemplo.

Com informações como essa, os gestores conseguirão avaliar os pontos fracos e fortes da empresa, no que diz respeito à lucratividade das operações.

Esses dados permitirão criar uma estratégia muito mais eficiente, uma vez que dão uma visão mais clara e assertiva de como é a empresa, como estão seus resultados, sua capacidade produtiva e o que esperar / planejar para os próximos meses.

Parte 1 da estrutura DVA: Geração da Riqueza

estrutura dva demonstracao valor adicionado

Entender a estrutura DVA exige destrinchar as informações desse relatório contábil e identificar o que entrará em cada um desses momentos.

A partir do momento que entendemos cada parte, é possível seguir na estrutura sem dúvidas.

A primeira parte da estrutura DVA é a geração de riquezas.

1. Receitas

O primeiro item da estrutura DVA são as receitas da empresa, que podem ser diversas, a depender do modelo de negócio, investimentos, etc.

Na parte de receitas, precisamos considerar os seguintes pontos:

  • a venda de mercadorias, produtos e serviços;
  • outras fontes de receita;
  • receitas referentes aos ativos próprios construídos pela empresa.

Venda de mercadorias, produtos e serviços

Para encontrar o valor referente à venda de mercadorias, produtos e serviços, é preciso considerar o seguinte cálculo:

vendas + tributos da empresa (ou a receita bruta)

Ao contrário do que é feito na DRE, na estrutura DVA é preciso considerar todos os tributos incidentes nas receitas da empresa, como:

Outras fontes de receita

Na sessão de outras fontes de receita, você deve considerar os resultados das baixas por alienação dos ativos não-circulantes, como investimentos, venda de imobilizados, tributos, etc.

Receitas referentes aos ativos próprios construídos pela empresa

Nessa parte, devemos considerar os ativos a partir do valor contábil, e não a partir do valor justo.

2. Insumos adquiridos de terceiros

Na parte de insumos adquiridos de terceiros, devemos considerar:

  • os custos das mercadorias, dos serviços e dos produtos vendidos;
  • os materiais;
  • a energia;
  • os serviços de terceiros;
  • despesas geradas da utilização dos bens;
  • despesas geradas da utilização de serviços adquiridos de outras empresas;
  • os salários de terceiros;
  • os salários de funcionários;
  • as perdas e recuperação de valores ativos.

Importante lembrar que, assim como foi pontuado na parte de receitas, é preciso considerar os tributos incidentes, como ICMS, IPI, PIS e COFINS, sejam eles recuperáveis ou não.

3. Depreciação, amortização e exaustão

Nesta parte são consideradas as retenções, que consistem nos valores de depreciação, amortização e exaustão.

4. Valor adicionado recebido em transferência

No que diz respeito aos valores adicionados recebidos em transferências, devemos considerar os seguintes cenários:

  • as receitas financeiras, incluindo as variações cambiais ativas, de qualquer origem;
  • as outras receitas da empresa, como dividendos de investimentos, direitos de franquias, aluguéis, etc.

Parte 2 da estrutura DVA: Distribuição da riqueza

estrutura dva receitas

Na parte de distribuição de riqueza, existem algumas formas de realizá-las:

  • a remuneração direta, que consiste basicamente nos salários e 13° salários dos colaboradores, os honorários administrativos, comissões, férias, horas extras, participação dos colaboradores nos resultados da empresa, etc;
  • o pagamento de benefícios, como assistência médica, transporte, alimentação, etc;
  • o pagamento do FGTS.

Pessoal

Aqui serão considerados os valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de:

  • impostos, taxas e contribuições;
  • remuneração de capitais de terceiros;
  • remuneração de capitais próprios.

Impostos, taxas e contribuições

Aqui devem ser considerados os impostos, taxas e contribuições da empresa.

Tenha em mente que os valores recuperáveis deverão ser apresentados de forma líquida, subtraindo o valor dos créditos.

Remuneração de capitais de terceiros

Na parte de remuneração de capitais de terceiros, é preciso considerar:

  • os juros: as despesas financeiras incluindo as variações cambiais passivas, sempre que houver;
  • os aluguéis: incluindo arrendamentos operacionais, quando houver;
  • outras remunerações: como direitos autorais, franquias e royalties, por exemplo.

Remuneração de capitais próprios

Por fim, durante a parte de “remuneração de capitais próprios” na estrutura DVA, devemos considerar os seguintes pontos:

  • os juros sobre o capital próprio (JCP): consiste na distribuição do lucro da empresa para um sócio que investiu capital na instituição, a partir de uma faixa que é definida pelo governo;
  • os dividendos;
  • os lucros retidos e os prejuízos em exercício: consiste nos lucros que são destinados às reservas da empresa, incluindo os JCP. Em caso de prejuízos, esses valores deverão ser incluídos com um sinal negativo na Demonstração do Valor Adicionado.

Como se calcula a DVA?

estrutura dva custos

Como explicado anteriormente, os dados que são utilizados para o cálculo da DVA são provenientes da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE).

Isso significa que, para conseguir realizar o cálculo da DRE, Demonstração de Valor Adicionado, de forma adequada, é preciso que todas as informações do DRE tenham sido preenchidas de forma rigorosa, precisa e com muita atenção.

Para conseguir realizar uma boa análise do DVA, é interessante consultar os dados do período anterior para fins de comparação.

1. Valor adicionado

Um dos objetivos da Demonstração de Valor Adicionado é identificar se a empresa evoluiu ou regrediu em um determinado período e quantificar esse processo.

Para conseguir realizar o cálculo do valor adicionado, é necessário contabilizar todas as receitas que são operacionais e não-operacionais do período que está sendo analisado.

Após contabilizar essas receitas, é preciso subtrair da receita total todas aquelas despesas operacionais que ocorreram durante esse período avaliado.

O resultado deste cálculo será chamado de Valor Adicionado Bruto.

Com o Valor Adicionado Bruto definido, é hora de descontar as despesas não-operacionais da empresa, chegando assim ao Valor Adicionado Líquido.

2. Distribuição do valor adicionado

Após encontrar o valor adicionado líquido, é hora de distribuí-lo entre todos aqueles componentes que são responsáveis pela produção de lucros para a instituição.

Conclusão

estrutura dva analise

A estrutura DVA inclui diversos detalhes que precisam ser devidamente preenchidos para que a Demonstração de Valor Adicionado esteja adequada.

Para que isso seja possível, a DRE exige atenção, cuidado e precisão nos dados que estão sendo ali inseridos, uma vez que são essas as informações que irão ser usadas para a criação da Demonstração de Valor Adicionado.

Apesar da obrigatoriedade da DVA apenas para empresas de capital aberto, as outras instituições que quiserem realizar uma análise financeira bem estruturada do seu negócio poderão realizá-la também.

A única diferença, nesse momento, é a obrigatoriedade contábil: o relatório só precisará ser entregue por empresas de capital aberto.

Para as demais, servirá apenas de consulta posterior.

Ser capaz de preencher todos os detalhes da estrutura DVA poderá ajudar as empresas a tomarem decisões muito mais estratégicas futuramente.

A Demonstração de Valor Adicionado irá demonstrar a capacidade produtiva da empresa, ajudará a identificar quais itens dão maior rentabilidade para a instituição e, a partir daí, permitir a criação de estratégias para melhorar os números e alcançar maiores resultados.

O crescimento empresarial é o principal objetivo das empresas, independente do mercado ou tamanho da instituição.

Um detalhe muito importante, e que muitos empresários ainda ignoram, é que existe uma diferença entre crescimento vertical e crescimento horizontal, que precisa ser considerada antes de tomar qualquer tipo de ação para ampliar os resultados.

Para criar uma estratégia de crescimento eficiente, é importante considerar dados importantes, como os presentes na estrutura DVA, e as diferentes possibilidades de crescimento.

Leia nosso artigo Crescimento vertical: o que é, vantagens e desvantagens para entender mais sobre o tema.

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